8.7.14

Despedimento de jornalistas e direitos dos cidadãos



Crónica de Diana Andringa, ontem, na Antena1:

À hora a que ouvirem esta crónica, estarei a manifestar a minha solidariedade aos jornalistas e outros trabalhadores da Controlinveste, que a empresa entendeu despedir, na linha do que se vem tornando um padrão na solução de problemas empresariais: diminuir o pessoal, fazer mais com menos, substituir trabalhadores permanentes por precários descartáveis.

Como disse, vários destes trabalhadores são jornalistas, mas não é apenas por serem meus camaradas que estarei a protestar contra o seu despedimento, nem o torna mais revoltante que o despedimento de qualquer outro trabalhador. A forma como os mesmos jornais que afixam na primeira página as palavras do Papa Francisco contra o desemprego condenam a esse mesmo desemprego vários dos seus trabalhadores só nesse reforço de hipocrisia é diferente da utilizada em qualquer outra empresa.

A única diferença é que o despedimento colectivo de jornalistas afecta directamente a vida dos seus concidadãos, porque influi em coisas tão importantes como a qualidade do jornalismo, o tempo de pesquisa e de reflexão que a profissão exige, o pluralismo e, também, a independência de pensamento dos que ficam e dos que, precários, substituem os que saem.. Ou seja, porque interfere directamente com os nossos direitos de cidadãos a uma informação livre, plural e responsável.

Manifesto-me, portanto, por solidariedade, mas também por egoísmo. Porque, como cidadã, me sinto com direito a essa informação – livre, plural, responsável – pela qual sucessivas gerações de jornalistas e trabalhadores de informação lutaram e lutam. E porque hoje, 7 de Julho, passam seis anos sobre a morte de um deles, permitam-me que o lembre aqui, porque o nome dos jornalistas se esquece, muitas vezes, demasiado depressa: João Morais Isidro. Jornalista, antigo presidente do Sindicato dos Jornalistas. Meu camarada.

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