5.7.14

Ler para crer



Lê-se a notícia e não é fácil acreditar: na proposta de municipalização das escolas, que o Ministério da educação está a negociar com autarcas, foi incluído um «factor de eficiência» que «premeia as câmaras que trabalhem com um número de docentes inferior ao tido como necessário para o respectivo universo escolar». Ou seja: se foi definido que determinada população estudantil deve ter 400 docentes ao seu serviço, a autarquia pode deliberar que fique apenas com 380 (é estabelecido um tecto máximo de 5% para a redução). Se o fizer, receberá 250.000 euros correspondentes a 50% do que o ministério poupa por não serem contratados – ou serem despedidos – 20 professores.

Aparentemente, a operação será julgada a posteriori e os resultados dos alunos não podem piorar, sem que se perceba exactamente o que se passa se tal acontecer: fica o ministério com 100% da poupança? Julgo que sim... E os alunos? Who cares!

Gostava muito de saber em que sistema de gestão por objectivos se inspirou o governo para mais esta ideia peregrina. Eu que levei décadas a ser avaliada, e a avaliar outros (quando ainda quase ninguém sabia sequer do que se falava, neste canto europeu que não ia em modernices), segundo planos de desempenho que criticávamos por os considerarmos sempre limitados ou inatingíveis, curvo-me perante esta prova de genialidade que hoje conheço. É de homem! E coitados dos nossos filhos ou dos nossos netos... 
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