1.8.14

Durão, símbolo do colapso do regime



«Num daqueles momentos que definem um político (que não um estadista, algo que nunca conseguiu ser), Durão Barroso anunciou uma boda aos pobres portugueses.

Divertido, como se fosse o pai severo a distribuir uma esmola, aconselhou de forma severa: "Vinte e seis mil milhões de euros é uma pipa de massa, este dinheiro deve ser bem aplicado. Que se calem aqueles que dizem que a União Europeia não é solidária com Portugal e com os países da coesão, trata-se agora de aplicar bem esses fundos". Depois desta exibição de prepotência, como se ele não estivesse estado dos dois lados da barricada (favorecendo o despesismo em Lisboa e impondo, em Bruxelas, a austeridade cega), o quase ex-presidente da Comissão Europeia mostrou a fibra de que é feita a elite política nacional e europeia. (...) As lamentáveis declarações de Durão Barroso simbolizam o colapso do regime português: a sua falência não só financeira (como evidencia o buraco negro do grupo GES, sequência em larga escala do que foi o BPN), mas também política e moral.

Portugal sempre foi um freguês da dívida. E da escassez de recursos e incapacidade de os acumular e utilizar para criar riqueza. (...) A forma como sempre se encarou a dívida e se resolveu (tal como agora) mostra a fibra dos sucessivos políticos portugueses e a ausência de sentido de dever público que os move. São os impostos (sobretudo sobre o trabalho) que pagam todos os desvarios e benesses. (...)

Olha-se para o descalabro do regime e para a falta de alguém que consiga indicar uma via diferente desta moralmente corrupta, politicamente inepta e financeiramente falida, e fica-se com um amargo de boca. Até quando ficaremos reféns do serviço da dívida e desta geração de líderes indigentes? »

Fernando Sobral, no Negócios de hoje.
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