26.10.14

Passos Coelho e cisnes brancos



Teimosia não é sinónimo de persistência, nem de tenacidade, e é raramente boa conselheira, sobretudo em épocas difíceis, quando aquilo que está em causa é garantir à governação uma imagem minimamente decente.

Manter Paula Teixeira da Cruz, Nuno Crato e, agora também Rui Machete, à frente de ministérios, depois de tudo o que se passou, é um erro que só vem tornar dramaticamente pior o fim do mandato de Passos Coelho.

Mas não só: afirmações ontem proferidas pelo primeiro-ministro, em que acusa comentadores e jornalistas de serem «patéticos» e «preguiçosos» por não apregoarem os êxitos do executivo, revelam um desespero já não contido, que soa, inequivocamente, a canto do cisne.

Preparemo-nos para o que se segue: em breve, virá a contestação dos resultados das sondagens. Alguém ainda se lembra de Santana Lopes, durante a campanha para as legislativas de 2005, quando afirmou que estava montada «uma megafraude em torno desta matéria» e ameaçou processar as empresas que falhassem previsões face aos resultados eleitorais?

E como se sabe, ao contrário do que reza a lenda, que os cisnes brancos não são mudos, mas que vão soltando, em vida, grunhidos e assobios, lá os vamos ouvindo, todos os dias, quando nos entram pela casa dentro.
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