8.3.14

Maias e mais maias



Em countdown para o regresso, sem tempo para grandes explicações, fica aqui um vídeo sobre mais um local de El Savador com importantes ruínas do tempo dos maias: San Andrés. Com um sabor especial: quem o apresenta é o guia que me explicou tudo isto ontem mesmo.




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A Pompeia das Américas



Em Joya de Cerén encontra-se um dos mais importantes patrimónios arqueológicos de El Salvador, sobretudo porque apenas aqui, tal como em Pompeia, podem ser observados pormenores da vida quotidiana – neste caso dos maias, até ao início do século VII d.c. Por volta do ano 600, uma erupção do Vulcão Loma Caldera destruiu completamente o local que ficou coberto por três metros de cinzas até ser descoberto em 1976.

Tipicamente, as casas familiares tinham duas divisões, onde se vêem camas de pedra (1ª foto, depois deste texto), sendo cozinhas e outras áreas usadas comunitariamente (2ª, 3ª e 4ª fotos), tal como uma espécie de sauna (5ª foto). Uma importância especial era dada à casa do curandeiro (6ª foto). O vídeo ajuda a ter uma visão global.

As escavações, iniciadas em 1976, foram interrompidas por causa da guerra civil, mas retomadas entre 1989 e 1996. Em 1993, o sítio foi declarado Património da Humanidade pela UNESCO, precisamente pelo seu contributo para a conhecimento da vida quotidiana de uma civilização tão antiga. Justissimamente, já que se trata de um local único no seu género.








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7.3.14

Quase a regressar



Estou agora em San Salvador, última etapa da viagem antes de regressar à base. E sairei daqui precisamente na véspera do dia em que, neste país, se escolherá o próximo presidente, na segunda volta de umas eleições de resultado nada garantido. Neste momento, caravanas dos dois candidatos percorrem ruidosamente as ruas da capital.

O actual responsável pela governação do país, Mauricio Funes, da FMLN (Frente Farabundo Martí para la Liberación Nacional), termina agora o mandato de cinco anos e não pode recandidatar-se. A sua eleição em 2009, com a primeira subida ao poder da FMLN, representou uma grande vitória do processo democrático e de reconciliação, depois da terrível guerra civil de doze anos (1980-1992), na qual terão morrido cerca de 75.000 pessoas.

Voltando às eleições do próximo Domingo: se em 2 de Fevereiro nenhum candidato conseguiu alcançar a maioria, o sucessor de Funes na FMLN obteve mais 10% de votos do que o seu principal opositor, o representante do partido de direita ARENA. Já quanto à segunda volta, as últimas sondagens divulgadas apontam para uma luta muito renhida.

Quanto o resto ainda pouco vi, amanhã regresso às pegadas dos maias e... aos vulcões. Mas ficam aqui algumas imagens do magnífico Palacio Nacional que hoje visitei demoradamente. O edifício actual foi construído entre 1905 e 1911, depois de o primitivo ter ardido em 1889. Foi, durante muitos anos, sede dos três poderes: executivo, legislativo e judicial. Hoje funciona como museu e é nele que está depositado o Arquivo Geral da Nação. 







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6.3.14

Granada, «La Gran Sultana»



Granada foi a minha última paragem na Nicarágua e valeu bem a pena porque é uma bela cidade que pouco fica a perder na comparação com Antígua, na Guatemala.

Fundada em 1524, tal como Léon, mantém-se no mesmo local até hoje, ao contrário do que aconteceu à sua rival de sempre. No sopé do Vulcão Mombacho e à beira do grande Lago Cocibolca (ou Lago da Nicarágua), com acesso através deste e do Rio San Juan ao Mar das Caraíbas, Granada depressa se tornou um importante centro de comércio e alvo de ataques de piratas e não só, tendo sido queimada cinco vezes.

Tem hoje uma belíssima praça central, cheia de vida e de cor, dominada por uma grande catedral e rodeada por uma série de edifícios lindíssimos, muitas igrejas, ruas e ruas com casas ousadamente coloridas, muitas delas com pátios andaluzes.

É já procurada por muitos turistas e estou certa de que, em breve, veremos o seu nome incluído em listas de destinos a não perder. Há casas para vender e para alugar, a vida é barata, a comida óptima. Tivessem os nicaraguenses a iniciativa de oferecer uns vistos, que nem precisavam de ser «gold» mas apenas mais ou menos prateados, e atrairiam europeus desfalcados em busca de locais agradáveis para viver de reformas encolhidas. Os futuros passam por terras como esta. 








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5.3.14

Vulcões e mais vulcões



Há quase duas semanas que ando por dois países onde se avistam vulcões dia sim, dia sim. Leio agora que, no passado Sábado, o Pacaya, um dos três vulcões activos na Guatemala, teve uma forte explosão, lançando depois lava e cinzas com gravidade suficiente para levar à evacuação de alguns milhares de pessoas. Pacaya fica muito perto de Antígua e eu estava lá nesse dia, mas não vi nem ouvi nada…

Mas é na Nicarágua que mais se sente a presença vulcânica. Há neste país 22 vulcões, que fazem parte do chamado «Cinturão de Fogo do Pacífico», e estive hoje em Massaya, entre Manágua e Granada, onde existem dois, um com duas crateras e outro com três, estando uma destas activa (como se vê pelos fumos nas duas últimas fotografias e no vídeo). Aqui, as erupções mais graves deram-se em 1670 e e 1772, mas continuam a acontecer frequentemente embora em menor escala. Fazem parte da vida dos nicaragueneses e tornam-na ainda mais difícil do que ela seria sem eles.

Guatemala e Nicarágua:








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4.3.14

Léon – versão 1 e versão 2



Como já referi anteriormente, a verdadeira colonização espanhola da actual Nicarágua teve início em 1524, com a fundação de Léon e de Granada.

Mas quando se fala hoje de Léon, onde estou desde ontem, não é da cidade fundada por Francisco Hernández de Córdoba, que se trata. Essa chamava-se Santiago de los Caballeros de Léon e a actual, situada a 30 quilómetros da primeira, é Léon Santiago de los Caballeros .A cidade primitiva (ver ruínas no vídeo) encontrava-se numa região especialmente vulcânica e sísmica e, após um terramoto que teve lugar em 1610 e que a arrasou, foi decidido criar uma outra, de raiz, numa localização menos perigosa.

A «nova» Léon é bem mais agradável do que Manágua, embora também pobre, tem muito movimento, muitas igrejas herdadas da colonização espanhola, com especial relevo para a Catedral (Insigne y Real Basílica Catedral de la Asunción de la Bienaventurada Virgen María), situada na grande praça central. É nessa praça que se encontra também o Palácio Tridentino, onde funcionou a primeira universidade fundada em 1813. Estão sepultados na catedral vários poetas (Léon orgulha-se especialmente dos seus), entre os quais o mítico Rúben Dario.

Para hoje nova etapa: irei até Granada.



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O «Chaimite» da Nicarágua



Léon foi a primeira cidade a libertar-se da ditadura da era Samoza.

Numa antiga cadeia, primeiro destinada a detidos por crimes comuns e depois também a presos políticos, hoje transformada em museu (Museo de Leyendas y Tradiciones), está guardado um tanque considerado como símbolo da revolução sandinista que teve início em 19 de Julho de 1979. Foi tirado à própria Guarda Nacional e usado para combates nas ruas de Léon. (Explicações nas duas fotos que se seguem. Clicar para ler.)



No pátio da cadeia, vêem-se tanques com água que eram usados para tortura dos presos.


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3.3.14

Manágua (Mana-ahuac = cercada de água)



Já que atravessei um oceano para vir à Guatemala, aproveito para conhecer um pouco alguns dos seus vizinhos e passarei os próximos dias aqui, na Nicarágua. Com o Mar das Caraíbas de um lado e o Pacífico do outro, este é o maior país da América Central mas também um dos mais pobres.

Os vestígios mais antigos de humanos têm 6.000 anos e os primeiros contactos com europeus deram-se em 1502, quando Cristóvão Colombo navegou pela costa caribenha. Mas a verdadeira colonização espanhola, liderada por Francisco Hernández de Córdoba, teve início em 1524 com a fundação de Léon e de Granada. A Nicarágua deixou de estar sob a alçada da Espanha em 1821, fez parte do México durante algum tempo e alcançou a independência total em 1838.

Quanto aos tempos mais recentes, poderia estar aqui horas a resumir o que entretanto reli, e hoje ouvi, sobre a era Somoza e Sandino, a ditadura de mais de 40 anos, que terminou com o arrancar da revolução em 19 de Juho de 1979, o fim desta com as eleições de 25 de Abril de 1990, das quais Violeta Chamorro saiu presidente. Mas os factos são recentes e relativamente conhecidos.

Manágua, onde estou, é uma cidade onde tudo isto está presente a cada esquina (e também Hugo Chávez, Salvador Allende, etc., etc.). Nasceu tarde (1852), e apenas porque as permanentes guerras entre Léon e Granada forçaram a criação de uma outra capital, foi destruída por mais de um terramoto e é agora relativamente desarrumada, longe de ser bonita, mas hoje, Domingo, com multidões, tipicamente barulhentas, junto ao grande lago onde é possível ter alguma sensação de frescura, apesar dos mais de 30º C e nem sei quantos de humidade…

Tento apreender semelhanças e diferenças entre países e povos e continuo a verificar, nas grandes linhas e nos detalhes, que há duas Américas Latinas, a do Sul e a Central, bem distintas, por mil razões mas sobretudo por uma: a permanente tentativa de tutela dos Estados Unidos em relação à segunda, consentida ou combatida ao longo de séculos – e que se vai mantendo, apesar de todas as crises ou em parte por causa delas.





Tanque oferecido por Mussolini a Anastasio Somoza:


Praça da Revolução e Palácio da Cultura:




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2.3.14

Últimas horas guatemaltecas



Sábado mais do que soalheiro a deambular pelas ruas de Antígua, cheias de gente, sem objectivo definido a não ser gozar o último dia neste belo país. Amanhã (já hoje aí em Portugal), tão cedo que nem ouso dizer quanto, um avião daquele senhor que esteve para comprar a TAP vai levar-me aqui ao lado. Próxima paragem: Manágua.

Com pouco tempo para prosas, ficam imagens de ruas, monumentos e cor – sempre muita cor.