6.9.14

Ainda?



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O massacre de Munique – 5/9/1972



No dia 5 de Setembro de 1972, o comando palestiniano «Setembro Negro» tomou como reféns onze membros da delegação israelita aos Jogos Olímpicos que tinham então lugar em Munique. Morreram logo dois desses reféns, mas, depois de uma intervenção de resgate falhada, levada a cabo pelas forças de segurança alemãs, acabaram por morrer mais nove atletas, cinco dos sequestradores, um polícia alemão e um piloto.



Se este foi, de longe, o mais dramáticos dos acontecimentos em Olimpíadas, não foi o único que ficou marcado por interferências políticas ou por protestos:

1896, Atenas (primeiros Jogos Olímpicos da era moderna) – Boicote da Turquia.

1936, Berlim – Os Jogos Olímpicos do nazismo.

1948, Londres – Japão e Alemanha (os dois grandes vencidos da Segunda Guerra Mundial) nem sequer são convidados.

1956, Melbourne – Boicote de Espanha, Holanda e Suíça contra a intervenção soviética em Budapeste e de Líbano e Iraque contra a posição da Austrália sobre o Médio Oriente. A China abandona os Jogos como forma de protesto contra a presença da bandeira de Taiwan.

1968, México – Power Salute

1976, Montréal – Boicote de vários países africanos como protesto contra a presença da Nova Zelândia, por esta ter disputado um desafio de rugby com a África do Sul, alguns meses antes (quando estava impedida de o fazer devido ao apartheid).

1980, Moscovo – Boicote dos Estado Unidos (seguido por 60 países) como protesto contra a intervenção soviética no Afeganistão.

1984, Los Angeles – Países do bloco soviético (excepto Roménia) e Cuba retribuem o boicote de 1980.

1988, Seul – Boicote de Coreia do Norte, Cuba, Etiópia e Nicarágua.

1992, Barcelona – Devido à guerra com a Croácia e a Bósnia-Herzegovina, a Jugoslávia não é autorizada a participar como país, mas os seus cidadãos são admitidos título individual.

(Podem faltar mais casos, evidentemente.) 
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Também nós...


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O tabu na nacionalização


O texto de Sandra Monteiro em Le Monde Diplomatique (ed. portuguesa) deste mês.

«Este Verão, que fica marcado pelo recrudescimento assombroso de guerras e massacres, trouxe à actualidade o caso BES e, com ele, o regresso de um odor fétido que faz lembrar o início da crise financeira internacional, em 2007-2008. Nessa altura, o rebentamento de escândalos financeiros e as falências bancárias tiveram como resposta salvamentos vários pelos poderes públicos, com socialização dos prejuízos, para evitar riscos sistémicos (crédito, pagamentos) sobre toda a economia. Multiplicaram-se os discursos inflamados contra comportamentos individuais moralmente condenáveis e a favor de uma nova era de regulação e supervisão do sector. Quanto menos se avançava nas alterações estruturais aventadas, mais irados e moralistas se tornavam os discursos. O ruído é uma arma.

Os anos passaram. Entre políticas austeritárias e lavagens bancárias, passaram também os rendimentos de trabalhadores e pensionistas, as protecções sociais e os recursos públicos. Os governos nacionais e as instituições europeias transferiram-nos, tanto quanto conseguiram, da esfera do trabalho para a do capital. Na supervisão e regulação da banca-finança, pouco mudou. Sem surpresa, os escândalos financeiros e as falências bancárias continuam a irromper ciclicamente, as sociedades continuam a ver o resultado do seu trabalho desviado para fins e interesses privados e a ouvir dizer que, para o que importa, não há dinheiro. É o que acontece quando se governa para grandes accionistas e credores.

O caso BES, que envolve o Banco Espírito Santo e tantas outras estruturas do grupo, é de facto um exemplo paradigmático do colapso de um modelo económico historicamente falido. É-o também da plasticidade das respostas da economia financeirizada e da capacidade que esta tem, através de governos cúmplices ou complacentes, de conseguir que uma crise de sistema seja suportada pelos cidadãos contribuintes. Espera-se que as entidades competentes apurem responsabilidades quanto aos indícios de falsificação de contas, gestão danosa, abusos de informação privilegiada, etc. Mas, enquanto isso, a lavagem (separação dos activos tóxicos) que criou o Novo Banco, que a seguir deve ser vendido, volta a ameaçar comprometer dinheiros públicos, desde logo pelo papel da Caixa Geral de Depósitos no modelo da resolução encontrada.»

(Continuar a ler AQUI.)
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5.9.14

Voluntariado? Em nome de quê?




Num país em que até as duas primeiras figuras do Estado trabalham como voluntários, a vaga deste tipo de pedidos não pára de aumentar. Mas talvez valha a pena lembrar que se está a falar de uma tarefa remunerável e que há muita gente a precisar de emprego (e até para trabalhar em bares se pedem pessoas...).

Há quem defenda que se trata de «cultura», que é habitual noutros países. Ainda assim: por essa lógica, ópera, teatro, etc., etc., deviam funcionar com base em trabalho gratuito deste tipo?

Portugal não está numa fase normal e em tempo de guerra não se limpam armas. «Oferecer» trabalho e dizer que o mesmo não é pago? NÃO, definitivamente.
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Lido por aí (107)


@João Abel Manta

* Es la guerra santa, idiotas (Arturo Pérez-Reverte)

* O ovo da serpente (Viriato Soromenho-Marques)

* Why the Ukraine Crisis Is the West’s Fault (John J. Mearsheimer)
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Barroso – um Nobel contra a Paz



«Custa a acreditar que Putin tenha dito a Barroso que, se quisesse, invadiria Kiev em 15 dias. Conhecendo a fanfarronice do Putin, na melhor das hipóteses, diria que invadiria Kiev em 15 minutos, "todo nu só com uma catana". Por outro lado, todos sabemos que Durão adora aparecer; adora fingir que é grande e que se dá com os enormes. E que sabe coisas que os outros não sabem. Barroso é um mitómano no lugar ideal para isso. Provavelmente, o que Putin lhe disse é que daqui a duas semanas ia comprar uns boxers à prova de ursos, a Kiev. Durão é o "Nosso Homem em Havana" em Bruxelas. Um vendedor de aspiradores em pó capaz de provocar uma guerra. Barroso já ajudou a começar a guerra do Iraque, agora quer fazer o mesmo com a III guerra mundial. Devia ganhar o prémio Nobel contra a Paz. (...)

Não sei se Durão está a ir por bom caminho. Os russos não são flor que se cheire. Barroso nunca mais pode comer uma sopa sem que lhe saiba a polónio 210 e, mais grave, os russos andam com a febre da anexação e vamos ter problemas. Ainda agora saiu a troika e já há ditadores de olho em nós. Acho que o Presidente da República devia fazer uma declaração, a deixar bem claro que Portugal não tem nada a ver com o Durão Barroso. Ele ser português, afinal, nunca nos deu jeito. Só nos trouxe chatices. Estamos por um fio. Se calha o cão do Obama dar uma dentada no embaixador russo, vamos ter um Outono nuclear em Portugal. Entre isso e as primárias do PS, venha o Putin e escolha.»

João Quadros

Escavações em Belém



(Via Carlos Esperança no Facebook)
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4.9.14

Ucrânia



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São os euros que desaparecem, não os ricos



Ricardo Araújo Pereira regressou de férias e em boa forma. Fala de ricos, camelos, buracos de agulha e não só. 

«O rico moderno tem menos bens em seu nome do que São Francisco de Assis. A questão, portanto, não é tanto a de saber para onde vão os ricos quando desaparecem. O que deve ocupar os teólogos é descobrir para onde vão os euros quando desaparecem. Nunca me desapareceu um rico, mas desaparecem-me euros todos os dias. Sobretudo, é difícil responder às questões que as crianças nos colocam a este respeito. «Papá, o dinheiro que tinhas no chamado banco mau para onde foi?» (...)

Teremos de contar ás crianças as mentiras piedosas do costume. Que o dinheiro desapareceu mas vive agora num banco muito bonito, com inúmeras outras notas. (...) Enfim, que está no paraíso. No paraíso fiscal, evidentemente.»

Na íntegra AQUI.
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Lido por aí (106)


@João Abel Manta

* France and Friends: Merkel Increasingly Isolated on Austerity (SPIEGEL Staff)

* Ukraine : les cartes de l’invasion russe (Hélène Despic-Popovic)

* O caminho da renúncia (Jorge Bateira)
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Crato, no tempo errado



«Nuno Crato é ministro no tempo e no lugar errado. É o ministro errado. A sua felicidade teria sido suprema se tivesse o poder durante a Revolução Cultural chinesa. Aí poderia ter-se tornado o pequeno ou médio educador de todo um povo.

Sem o perigo de alguém levantar a voz contra a sua clarividência. Lamentavelmente materializou no penoso Ministério da Educação. Está a fazer agora o seu pequeno livro vermelho da educação. Depois dele sobrará o caos. O seu grande objectivo foi, desde o início, tornar os professores os alvos de todas as culpas do sistema. Não precisam de se confessar em público. (...)

Sabe-se qual é a política de Crato para destruir o ensino público (indo o privado pelo mesmo caminho). Para ele o ensino não é um serviço público. Por isso deve ser ligeiramente regulado, seguindo o princípio da necessidade dos consumidores e da escolha dos estudantes. Assim as escolas providenciam um serviço e os estudantes são consumidores. A qualidade é determinada pela "satisfação" destes e dos seus pais. Ou seja, para ele, a educação não tem de ter um papel cultural para formar pessoas numa sociedade. É um produto económico, com um valor, e que se coloca no mercado em busca da "satisfação" do cliente. Assim sendo, para o pequeno educador, os professores são os últimos da cadeia alimentar.»

Fernando Sobral

3.9.14

Presente, sempre



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Eduardo Galeano, 74



Nasceu em Montevideu, em 3 de Setembro de 1940, quis ser jogador de futebol, mas acabou como escritor com mais de 40 livros publicados.

Andou a fugir de ditaduras: em 1973 foi preso depois do golpe militar no seu país, exilou-se na Argentina, mas com o golpe militar de Jorge Videla, em 1976, viu o seu nome colocado na lista dos «esquadrões da morte» e partiu para Espanha. Só 9 anos mais tarde regressou à cidade que o viu nascer e onde ainda hoje vive.

Para a data de hoje, escreveu esta página em Os filhos dos dias, publicado em 2012. Ia assim o mundo no dia em que nasceu.


Dois textos, dos muitos já divulgados neste blogue:

Janela para o espelho
Escorre o sol e leva os restos das sombras deixados pela noite.
As carroças puxadas por cavalos recolhem, de porta em porta, o lixo.
No ar, a aranha estende os seus fios de baba.
Parafuso caminha pelas ruas de Melo. Na aldeia, é tido por louco.
Leva um espelho na mão e vê-se nele com uma expressão fechada.
Não tira os olhos do espelho.
- O que está a fazer, Parafuso?
- Estou aqui, responde. A controlar o inimigo.
In As Palavras Andantes

Sistema/1
Os funcionários não funcionam. Os políticos falam mas não dizem. Os votantes votam mas não escolhem. Os meios de informação desinformam. Os centros de ensino ensinam a ignorar. Os juízes condenam as vítimas. Os militares estão em guerra contra os seus compatriotas. Os polícias não combatem os crimes, porque estão ocupados a cometê-los.
As bancarrotas são socializadas, os lucros são privatizados.
O dinheiro é mais livre que as pessoas. As pessoas estão ao serviço das coisas.
In O livro dos abraços

E um vídeo, para meditação no tempo que passa:

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Lido por aí (105)


@João Abel Manta

* 25 anos (Francisco Seixas da Costa)

* Russia and economic warfare: RIP the free market new world order (Larry Elliott)

* TTIP, un monstruo de muchas cabezas (Isaac Salinas)
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Nem animais, nem jornalistas



Quando eu era estudante na velha universidade de Lovaina, vários cafés da cidade exibiam um proibitivo aviso: «Ni chiens, ni soldats». Sempre me fez impressão a aparente equivalência entre os dois tipos de seres vivos, mas enfim... 

Décadas depois, mudaram-se os tempos mas não urbi et orbi, já que nas sedes do PSD Madeira haverá certamente cartazes semelhantes: «Nem animais, nem jornalistas»

Além disso, segundo o Público, também só podem passar o limiar da porta das ditas sedes militantes do PSD, é proibido «comer, beber ou fumar no interior» (nem beber um copito de água?) e não será permitido «qualquer comportamento que afecte o normal decurso de um evento, o seu usufruto pela assistência ou que viole a integridade de pessoas ou bens». 

Não sei se são os ares do Atlântico que levam estes madeirenses a tanta fúria autoritária e esperemos que não cheguem, enquanto estão no poder, a proibir ajuntamentos de mais de três pessoas, a restaurar a licença para uso de isqueiros ou a multa de 2$50 para os peões que atravessarem ruas fora das passadeiras. Serão apeados antes disso – assim o esperamos. 
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2.9.14

«Colaboradores» – enquanto não chegam os robôs



No Diário de Notícias de hoje, o jornalista Pedro Tadeu reflecte sobre os termos da frase publicitária do Novo Banco, «nascer com o empenho renovado de seis mil colaboradores é um bom começo»... Espantado por ler «colaboradores» onde esperaria «trabalhadores», desconfiado de que a semântica é tramada, Tadeu tenta descobrir razões para esta substituição. Será, talvez, porque, como escreve, «um colaborador não tem horário certo, não tem sindicato, não reclama, obedece», enquanto que um trabalhador pensa em direitos, quer saber como os administradores governam a empresa, questiona as desigualdades salariais, é, enfim, «um perturbador».

Bem vindo ao glorioso mundo da novilíngua, camarada. Foi já há muitos anos que na empresa onde trabalhava me explicaram que os técnicos que transformavam em material visível as ideias que lhes transmitia deviam ver em mim não uma camarada de trabalho, mas uma cliente. Há já largos meses sobressaltei-me ao ouvir uma terapeuta falar de clientes, referindo-se àqueles que acompanhava. Doente ou paciente são palavras menos agradáveis, explicou-me, sem me libertar da ideia de que tratar um doente ou um paciente envolve uma atitude diversa da de lidar com um cliente.

Problema meu – que, como Pedro Tadeu, desconsegui de me habituar à beleza dos novos termos. Há anos que conheço uma lista de «verbos de acção adequados para a definição de objectivos», onde se encontra, obviamente, «implementar», mas também «copiar», «cumprir», «comunicar», «expor», «promover» – mas onde faltam, por serem considerados não adequados, aprender, conhecer, compreender, entender, descobrir, gostar, inferir, julgar, pensar, perceber, perguntar, reflectir, saber. Enfim, grande parte daqueles que Tadeu mobiliza para tentar perceber (ups! Verbo inadequado!) o porquê de substituir trabalhadores por colaboradores.

Julgo, no entanto, que se trata de uma resposta provisória, enquanto não chegam os robôs. É que mesmo sem horário, sem sindicato, sem direitos, um colaborador pode sempre pôr-se a pensar. Vade retro!!!

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Cada macaco em seu galho



A «Postura» da Câmara Municipal de Lisboa data de 1950. O Artigo 8º é uma pérola:

«Quando não haja monta-cargas adequado ao transporte simultâneo de volumes e pessoas, será facultado o uso do ascensor aos serviçais que se dirijam a qualquer pavimento acima do segundo e desde que se apresentem decentemente vestidos e não transportem volumes que, pelas suas dimensões, peso e natureza, possam danificar a cabine ou impregná-la de cheiros incomodativos.» 
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Lido por aí (104)

A queda da França



A ler, na íntegra, um texto de Paul Krugman no New York Times.

Os parágrafos finais:

«A Europa precisa, desesperadamente, de um líder de uma das grandes economias – de uma que não esteja numa situação péssima –, que se levante e diga que a austeridade está a matar as perspectivas económicas do continente. Hollande podia e devia ter sido esse líder mas não é.

E se a economia europeia continuar estagnada ou piorar, o que acontecerá ao projecto europeu – esse esforço de longo prazo para assegurar a paz e a democracia através de uma prosperidade compartilhada? Com o fracasso da França, Hollande está a levar também a Europa, como um todo, ao fracasso – e ninguém sabe até que ponto isso pode vir a ser mau.»
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1.9.14

Ele aí está



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Uma luta por luz e por água



Convido-vos a utilizar 10 minutos do vosso tempo com a leitura de um texto de Vavá Oliveira no Passa/PalavraGuiné-Bissau: uma luta por luz e água – a propósito da acção do «Movimento Luz e Água» (MLI) naquele país.

«Actualmente, o movimento está a trabalhar numa campanha por luz e água nos bairros de Bissau. A finalidade é levar à população o nosso manifesto. Para isso estamos a trabalhar nos bairros e liceus de Bissau. A nossa meta é fazer com que, a curto prazo, a EAGB [empresa pública de luz e água] se submeta ao controle social. A médio prazo, queremos criar dois conselhos nacionais de gestão democrática dos recursos naturais e outro de gestão da luz e água. E a longo prazo queremos que a EAGB seja completamente gerida pelo povo, pois assim nos garante a nossa constituição nos artigos 2 e 3. No art. 2, diz que o povo pode exercer o poder político directamente ou através de seus representantes. E no art. 3 diz que a cidadã ou cidadão têm o direito de participar na gestão pública. Nós queremos que isso seja respeitado.» – Ailton J.

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O MLI tem também em curso uma campanha de angariação de fundos para a reabilitação da estrutura física e a compra de materiais didácticos para a Escola Comunitária Bandim Bilá. Informações detalhadas AQUI.
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E quem criminalizaria?

A destruição foi socializada



«O Governo, educado pela troika e por alguns génios nacionais, acreditou que a "destruição criativa" de Schumpeter era a boa nova que deveria partilhar com os portugueses. Três anos depois o resultado está à vista, espelhado por este Orçamento Rectificativo.

A gloriosa "destruição criativa", cantada ao som do hino da União Europeia, transformou-se na "destruição destruidora". O PREC lançado pelo Governo e pela troika teve o efeito de "napalm": destruiu empresas, asfixiou o poder de compra dos portugueses com impostos e cortes de salários, aumentou brutalmente o desemprego e promoveu a emigração.

O modelo era um paraíso nas margens do Bangladesh: um país exportador com salários miseráveis. (...) Tudo correu ao contrário; nem a nossa economia se tornou um "tigre atlântico" baseada na exportação, nem o consumo interno deixou de animar os cofres do Estado. (...)

O Governo não é liberal: é estatista. Há mais Estado e mais amigos a comer da receita dos impostos dos portugueses. A destruição foi socializada. Os rendimentos foram entregues num condomínio privado. Já se sabia: a política portuguesa é a do mata-borrão. Quando a caneta rebenta, tenta-se remediar o que é possível. E o resto que seja o destino a definir.»

Fernando Sobral
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31.8.14

Lido por aí (103)

Sim, ele faz hoje anos



... e em 2015 serão 70. Muitos dos nossos «clássicos», aqueles que ainda por cá andam, estão a atingir provectas idades, mesmo que continuemos a imaginá-los com menos 30 ou até com menos 50 anos. Hoje é a vez de Sérgio Godinho chegar aos 69.

Inseparável de outros que, dentro ou fora do país, tanto nos ajudaram a usar a cantiga como arma antes do 25 de Abril, e como grito de vitória e de esperança depois, SG aí está, bem vivo, com um reportório precioso e uma mão cheia de canções que continuam tão actuais, e tão fortes, hoje como há décadas.

Algumas, inevitáveis:









Finalmente, com José Mário Branco, numa das canções desse extraordinário cd, de 2003, «O irmão do meio»:

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Vai uma aposta?



É o que acabará por acontecer. (Alô, Crimeia?)

Putin alude a um possível Estado no Leste da Ucrânia.
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O BES e os pobres



«Que interferência terá a actual crise do Banco Espírito Santo na vida das pessoas mais pobres que vivem em Portugal? Esta catástrofe financeira, obscura, escondida, cheia de mentiras e truques, caracterizada por fraudes, favorecimento de credores, falsificação de contas, gestão danosa, entre outros expedientes, vai agravar ainda mais as miseráveis condições de vida dos meus utentes.

As pessoas que vivem com insuficiência de recursos económicos e com grande dependência dos serviços sociais do Estado e das instituições particulares de solidariedade social não costumam ter conta no banco, não têm dinheiro para encher o frigorífico de alimentos, não têm dinheiro para comprar acções, não têm emprego. Não são accionistas, não são depositantes, não são clientes, não são funcionários do BES. São apenas beneficiários de Rendimento Social de Inserção, recebem 178 euros por mês. Se forem casados e tiverem três filhos, o valor do cheque pode chegar aos 350 euros. Uma fortuna, uma pipa de massa, expressão recentemente utilizada por Durão Barroso. (...)

Afinal quem mente, os pobres do RSI ou o governador do Banco de Portugal? Que mentiras provocam mais estragos ao país, as mentiras dos pobres ou as mentiras dos poderosos respeitáveis da alta finança? Afinal não existia no BES nenhuma almofada financeira para tapar os buracos do crédito malparado; afinal a crise no grupo sempre afectou o funcionamento do banco; foi necessário afastar da gestão do banco Ricardo Salgado; os testes de stress ao banco, afinal não provaram solidez financeira nenhuma. (...)

Há dinheiro para, sem qualquer tipo de garantia ou segurança, o Estado emprestar ao Fundo de Resolução 4400 milhões de euros para recapitalizar o BES.

Os banqueiros continuam a ter na mão o poder politico e, quando não têm o dinheiro dos depositantes nos seus cofres, têm o dinheiro dos contribuintes para os salvar de todas as irresponsabilidades e manobras gananciosas do capitalismo financeiro. Os pobres já pagaram a crise do BPN e vão pagar agora a crise do BES.»

José António Pinto