24.1.15

Grécia e a quebra do «centrão»



«A Grécia foi o berço da Democracia. Volta a sê-lo. Agora de uma democracia reanimada. Uma vitória do Syriza este domingo terá um grande alcance. Muito maior do que a simples ascensão da extrema-esquerda ao poder governativo. É a própria democracia, tal como ela tem sido entendida e praticada, que sofre um grande abanão.

Vivemos, na Europa, no lugar mais livre do planeta, onde o cidadão tem mais direitos e maior diversidade de escolha política. Um espaço tão livre que assusta muita gente, como se sabe. Fundamentalistas, fanáticos, tiranos de todo o género. E também muitos idiotas, sobretudo nas extremidades da direita e da esquerda. Mas, nem por isso, podemos falar de uma democracia avançada. (...)

Apesar do descrédito da política as nossas sociedades vão assim saltitando numa alternância inconsequente. Umas vezes vota-se à direita, outras na esquerda moderada. O centrão domina. E com ele o mesmo pensamento, as mesmas receitas, as mesmas políticas ditas irremediáveis. (...)

A Grécia está prestes a provocar um verdadeiro terramoto na política europeia. Primeiro, porque vai fazer frente à ideologia dominante da austeridade, seguida pelos governos de direita e também pelos da esquerda socialista. Será necessário encontrar novas soluções, já que a expulsão não passa de uma chantagem reles. A renegociação da dívida é inevitável. Segundo, porque a vitória de um partido exterior ao famoso "arco da governação" quebra um inaceitável tabu antidemocrático. Se tal suceder, graças aos gregos, a Europa na segunda-feira será mais livre e mais democrata.» (Realce meu.)

Leonel Moura

1 comments:

septuagenário disse...

Essa figura grega do Siryza cada vez que o vejo faz-me lembrar imediatamente aquele grego do filme Zorba no papel de Antony Queen.

Se ele der no palco dois passos à Zorba fica perfeito.

E se fôr tão inconsequente, como aquele Zorba do filme como de facto parece?

A ver vamos!