7.2.15

Ó António, diga qualquer coisa, porra!



Miguel Sousa Tavares, no Expresso de 07.02.2015:

«Numa longa entrevista de três páginas ao “Público”, anteontem, António Costa diz coisas muito acertadas, faz diagnósticos muito correctos sobre o país e a Europa, mas, se me perguntarem hoje o que disse ele de novo ou de importante (considerando que até aqui não tinha dito rigorosamente nada), confesso que não me consigo lembrar de coisa alguma, só generalidades inócuas. (...)

Totalmente alheado daquilo que os portugueses pensam e discutem ou daquilo que vai acontecendo no Parlamento — cuja bancada confiou à contagiante liderança de Ferro Rodrigues —, Costa dá-se ao luxo de planar acima de tudo, decerto confiante de que quem conseguiu derrotar António José Seguro só pode depois ter o país aos pés. (...)

Mas ele vai andando por aí, ora na pele de presidente da Câmara de Lisboa ora na de secretário-geral do PS. Mas nunca, que eu tenha reparado, na de líder da oposição e candidato a primeiro-ministro. Tem um dom particular para falar sempre fora da agenda do debate público, contornando as questões e os obstáculos com a elegância de um patinador artístico. (...)

Acho muito bem que quem quer ganhar eleições não se entretenha a vender ilusões e promessas vãs que depois não irá cumprir. Disso, já tivemos dose que baste. Mas uma coisa é não fazer promessas enganosas, outra é não fazer nada, não dizer nada, que depois possa ser cobrado. Até porque o que há de mais sério, hoje em dia, é prometer que não se repetirão as promessas que, no passado, serviram para ganhar eleições e deixar-nos arruinados. Mas entre a oportunidade e o oportunismo vai uma grande diferença. Quando achará António Costa oportuno dizer alguma coisa?»

Na íntegra aqui.
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