20.4.15

Ana Vicente, antifascista também



Conheci-a há muito, muito tempo, teria ela uns 19 ou 20 anos. Surgiu ontem a notícia da sua morte, infelizmente nada inesperada, já que há anos que lutava, com uma coragem inaudita, contra um terrível cancro. Hoje, recorda-se a escritora, a feminista, a católica que foi uma das principais responsáveis. do movimento «Nós também somos Igreja». Duvido que alguém se lembre de ir até à sua juventude e de lembrar que ela não acordou para a luta nas últimas décadas, mas sim bem antes do 25 de Abril.

Em 1963, foi uma das primeiras colaboradoras do jornal clandestino «Direito à Informação» (lançado por católicos e que foi o primeiro a difundir notícias sobre a guerra colonial) que teclava dolorosamente à máquina nos malfadados estênceis de má memória. Disse-me há pouco tempo que foi o seu primeiro passo de militância, ela que de política pouco ou nada percebia até então.

Passou a participar em actividades várias dos chamados «católicos progressistas, foi membro da direcção da cooperativa Pragma e, quando esta foi encerrada pela PIDE em 1967, o facto deu-lhe direito a passar alguns dias detida em Caxias. 

Registe-se também esta faceta da sua juventude, neste dia em que nos fica na memória a sua firmeza, a sua persistência – e o seu sorriso também. 
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