17.4.15

«Risco» ou nem por isso



«Normalmente, ninguém diz "vou saltar desta janela do trigésimo andar e é arriscado". Se não estou enganado, nunca ouvi ninguém dizer que existe risco de incêndio num prédio que está a arder de alto a baixo.

Risco presume que existe a possibilidade de sucesso ou não. Deitar dinheiro para um precipício só seria risco se houvesse a hipótese do eco nos devolver pelo menos metade. Não sendo assim, não é risco. É apenas suicídio financeiro. Neste caso, foi suicídio assistido, com Costa a fazer de médico e Tavares de enfermeiro.

Resumindo, se estava falido e, na prática, já não existia, não devia ser possível investir. Ninguém em sã consciência vai ao balcão do banco trocar euros por notas de monopólio. Se estas transacções ao balcão do ex-BES - hoje Novo Banco - fossem feitas num monte alentejano, com pessoas de idade, era crime e mandavam chamar a GNR. Como foram feitas ao balcão de um banco, por pessoas de fato e gravata - com o carimbo de pessoas com melhor fato e gravata - é risco.

Conclusão, considerar a venda de cocó ao balcão de um banco como um risco, e não uma aldrabice, é uma visão arriscada porque se a PSP tiver a mesma sagacidade que o regulador e o controlador do Mercado, corremos o risco de, um dia destes, não conseguirem evitar que entre uma pessoa de caçadeira no Novo Banco disposta a arriscar tudo por não ter nada a perder.»

João Quadros

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