9.7.15

Anos de inox?



«Um dos grandes axiomas deste Governo é a sua capacidade de síntese: frases feitas e ideias fixas. E a vaidade de se ver ao espelho e acreditar que é Claudia Schiffer capaz de fazer suspirar Portugal e o mundo cada vez que desfila.

Passos Coelho, no debate sobre o Estado da Nação, fez do elogio próprio a sua filosofia política: "Sabemos que a estratégia que seguimos de rigor, de crescimento e de credibilidade foi a mais acertada." Só acredita quem quer. (...)

Portugal, a acreditar no auto-elogio governamental, é hoje aço inoxidável capaz de resistir à corrosão dos elementos, seja a dívida pública que não pára de aumentar, o desemprego crónico, a carga fiscal insustentável e mesmo o humor dos mercados. É claro que os indicadores económicos que Passos Coelho levou para o Parlamento são os que mais lhe ficam bem na lapela. E o argumento de que Portugal não é a Grécia é de prestidigitador: se Atenas sair da Zona Euro o tabu implode e qualquer país pode ser corrido a pontapé da moeda única. E Portugal está ali, em terra de ninguém, como um alvo disponível. Protegido por Angela Merkel, enquanto lhe der jeito.»

Fernando Sobral
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