1.8.15

O Pátio das Cantigas



«Também na política se assiste a um "remake" pimba de "O Pátio das Cantigas". A apresentação do programa eleitoral da coligação PSD/CDS é uma espécie de farsa depois da tragédia que foi a aplicação do modelo da troika (negociado e desenvolvido por mentes nacionais, não o esqueçamos). O primeiro capítulo foi encerrado: a dívida e a austeridade serviram para se cumprir a primeira parte da imolação do Estado como o conhecíamos: desagregou-se o que ele tinha de bom (substituindo os mais capazes da administração por "jotinhas" que impuseram a sua lei e incompetência), abriu-se o precedente de incumprir os contratos do Estado com os cidadãos relativamente à troca de impostos por reformas seguras, privatizou-se tudo o que estava à vista e conseguiu-se reduzir o custo do trabalho à insignificância material e moral. (...)

A coligação não nos diverte com um "remake" do "Ó Evaristo, tens cá disto?" porque o seu discurso é sonâmbulo: parece o de um zombie ideológico que quer transformar Portugal no laboratório do futuro. Afinal, não é Vasco Santana que está no palco: é Passos Coelho. Este é um país sem classe média, sem perspectivas de segurança, onde todos lutam contra todos para se salvar, enquanto o Estado (ocupado por uma elite) assiste e divide entre os seus cúmplices o que amealha dos impostos. Só falta mesmo Passos Coelho recuperar a sua velha ideia de privatizar a Caixa Geral de Depósitos para que o génio retirado da garrafa cumpra o seu objectivo. Toda a farsa se transforma nesta tragédia desenhada. Que ainda não terminou. »

Fernando Sobral

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