29.9.15

O eclipse eleitoral



«A coligação PàF tem um lado lunar: o PSD e o CDS, escondidos atrás de um nome que aponta para o futuro e esquece o passado recente. A sua táctica eleitoral é digna do último eclipse lunar, ou seja, tenta que a Lua (o PSD e o CDS) fique ocultada totalmente pela sombra da Terra (a sua governação feita à base da austeridade cega).

É um fenómeno que todos podem observar mas que, a acreditar nas sondagens, muitos preferem ignorar. Em tempos de eclipse lunar real e da ligação à Lua cheia próxima do equinócio de Outono, a lua da colheita, que se poderá esperar nas eleições de domingo? Para já um eclipse quase total em termos de novas ideias e de sonhos mobilizadores para o futuro próximo.

Nivelada, por baixo, a pobreza dos portugueses e tendo-se conseguido que estes aceitem essa condição, a PàF surge agora como a grande hipnotizadora das massas. Acena com a possibilidade de devolução da sobretaxa de IRS, o assalto fiscal que era para ser extraordinário, mas que se tornou mais um imposto normal. Resta saber se os cidadãos acreditam neste "contrato de confiança", feito na escuridão do futuro que não se sabe se se cumpre.

Passos Coelho, como se nada tivesse tido a ver com o que se passou nos últimos quatro anos: nem o desemprego, nem os impostos brutais, nem a degradação dos serviços públicos, salta por cima disso. Passos consegue mesmo dizer, como se não tivesse nada a ver com isso, que todos os portugueses tiveram alguém na família que não tenha sido afectado no salário, no emprego ou na pensão. E acrescentou, condoído: "Eu tenho de tudo isso na minha família."

Passos é líder da oposição? Não. É o primeiro-ministro do Governo que fez tudo isso em nome da dívida e do défice. Mas talvez, em época de eclipses totais, Passos tenha sido o líder de um Governo PSD/CDS e, agora, seja o chefe da coligação PàF que aparentemente não teve nada a ver com o que se passou nos últimos quatro anos. Os eclipses em Portugal são mesmo diferentes…»

Fernando Sobral

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