26.4.16

Não, ou a vã glória do discurso



«Marcelo Rebelo de Sousa disse três vezes não no seu discurso do 25 de Abril, em resposta a outras tantas perguntas que formulou. Portugal não deve viver sistematicamente em campanha eleitoral, o pluralismo político não impede consensos sectoriais de regime, a contraposição de duas fórmulas de Governo não atinge o fundamental na unidade dos portugueses.

Sublinhados os não, o Presidente da República, cujo início de mandato tem sido marcado pela forma generosa como tem distribuído afectos, pediu aos partidos que troquem "as emoções pelo bom senso" em nome de consensos sectoriais em áreas como a Justiça e a Segurança Social (…)

A glória do discurso de 25 de Abril de Marcelo Rebelo de Sousa é vã precisamente por isso. Os desafios que o Presidente agora colocou irão rapidamente parar à pasta dos assuntos pendentes dos partidos, mais preocupados com o seu presente do que com o futuro do país.

A não ser que desencante poderes presidenciais que consigam materializar os consensos que agora pediu, a glória de Marcelo esgotar-se-á nas palavras, tal como sucedeu aos seus antecessores.»

Celso Filipe

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