2.5.16

A Dama de Alumínio



«Margaret Thatcher disse um dia que: "O que a Grã-Bretanha precisa é de uma Dama de Ferro." Usando o poder do Estado para defender algumas políticas liberais, Thatcher não deixou herdeiros visíveis.

Mas há, claro, quem sonhe em vir a ser um dia uma Dama de Ferro, na impossibilidade de ser Joana d'Arc ou mesmo a Padeira de Aljubarrota. Há sonhos e realidades. A entrevista de Maria Luís Albuquerque ao DN entreabre a porta para o seu sonho político: ser a sucessora de Pedro Passos Coelho à frente do PSD. (…)

Talvez alguns vejam nela uma potencial Dama de Ferro, uma Thatcher "après la lettre". Não é: Thatcher foi o produto de uma era e de uma revolução globalizadora. Deixou um legado, é certo: a utilidade económica passou a ser o critério de todos os comportamentos humanos. Se Maria Luís acha isto, é porque é muito pouco, ou nada, social-democrata. Sendo assim, Maria Luís nunca poderá ser uma Dama de Ferro, sobretudo numa sociedade latina como esta. Poderá tentar ser uma Dama de Alumínio, mais leve e macia. (…)

Ao anunciar a sua "disponibilidade" Maria Luís reforça a convicção de que Passos já não tem autoridade porque não há liderança. Não há ideias porque não há existência. Não há algo porque não há nada.»

Fernando Sobral

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