7.6.16

Asgabate, a cidade inesperada



Confesso que vinha com a expectativa de encontrar uma capital pacata de um dos países mais desconhecidos e fechados no mundo. Enganei-me redondamente.

Fundada no século XIX a partir de uma pequena aldeia, Asgabate foi-se desenvolvendo, mas um terrível sismo arrasou-a por completo em 1948 (só três edifícios resistiram) e provocou mais de 150.000 mortes. Reconstruída em plena era de integração do país na URSS, conta agora com essa parte «velha» da cidade, rodeada e quase que escondida por um absolutamente estonteante crescimento, com início no ano 2000: em menos de dezasseis anos, milhares de prédios, quase todos de mármore branco, surgiram um pouco por todo o lado, geralmente em áreas anteriormente desérticas, com arquitectura de qualidade e muitas vezes luxuosa (o que parecem palácios são meras repartições públicas ou universidades, por exemplo), e fazem desta capital do Turquemenistão um caso sem paralelo. As ruas e estradas são amplas e bem cuidadas, a iluminação especialmente original (em post separado mostrarei alguns tipos de candeeiros). Porquê? Por pura decisão daquele que foi o seu primeiro presidente desde a independência, em 1991, até morrer em 2006, e por fidelidade do sucessor aos seus planos: Asgabate devia ser – e já é – muito grande e muito bela.

Todas estas obras se aceleram especialmente com a aproximação dos Jogos Olímpicos Asiáticos, que terão aqui lugar em 2017, e que trazem a esperança de uma certa abertura do país em termos de liberdades. O gás natural continua a alimentar os cofres mesmo que os salários sejam baixos e que a população, no seu íntimo, preferisse menos mausoléus, menos luxos e mais algum dinheiro nos bolsos. No seu íntimo porque não se manifesta de todo, neste país sem qualquer liberdade de expressão e, segundo me dizem, sem oposição significativa. Até um dia… claro.


Imagem de topo e esta: Mesquita Turkmenbshi, considerada a maior da Ásia Central:



Mausoléu do primeiro presidente e família:



Há seis anos, nada disto existia:


Edifícios «banais»:




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