19.11.16

Os rochedos de Metéora



Hoje andei por Metéora, na Grécia Central, onde se encontra um dos mais importantes conjuntos de mosteiros bizantinos, apenas ultrapassado pelo Monte Atos. Cravados na rocha, mais ou menos suspensos, hoje são seis, já foram mais de vinte. Vi dois, de monjas: Ágios Stéphanos e Roussanou (primeira e segundas imagens no fim do post). Sofri para trepar até ao topo do segundo, pena tenho de não ter contado os degraus que subi... Só se visita as igrejas, cheias de belos ícones mas, infelizmente, é proibido fotografar o que quer que seja.

Não se conhece exactamente a data da fundação de Metéora (a palavra significa «suspenso no ar»), mas pensa-se que os primeiros eremitas se instalaram nesta espécie de cavernas no século XI. Absolutamente impressionante quando se vê as características do terreno, que as imagens que deixo procuram sugerir. Mesmo sem os mosteiros, o desvio para ver os penhascos de Metéora, únicos no seu estilo, é mais do que justificado.

De novo em Atenas. Amanhã, cedíssimo, regresso à base. 

18.11.16

Delfos sem Pitonisas



Delfos, que chegou a ser considerado pelos antigos gregos «o umbigo do mundo», está mais destruído do que Olímpia. Do Templo de Apolo, célebre pelo seu Oráculo, pouco resta, mas um excelente museu mostra-nos em mais de uma maquete como poderá ter sido, num conjunto que inclui a Ágora, o santuário de Atena e vários outros edifícios. São também muitas as estátuas exibidas, que resistiram ao tempo e a um sem número de saques a que a cidade foi sujeita.

Já não há por lá pitonisas para «lerem» os vapores emitidos por uma fonte e os transmitirem a sacerdotes que os interpretavam para os fiéis e não só: chegavam mesmo a transformá-los em conselhos para os senhores das guerras as evitarem ou nelas se lançarem rapidamente. Daria jeito se existissem, sim: talvez fossem eficazes se outros senhores, das guerras de hoje, lhes dessem ouvidos como os antigos davam.

Enfim, delírios de uma noite bastante fria, agora já um pouco mais a Norte, onde amanhã entrarei no mundo de religiões outras, mais ortodoxas no sentido estrito da palavra. E depois… será o início do regresso à pátria. 

17.11.16

Olímpia, terra das Olimpíadas



Estive hoje em Olímpia e percorri, durante umas horas, o sítio arqueológico onde se vêem ruínas do que foi o santuário de Zeus com os seus vários templos, de instalações destinadas a atletas e não só e o estádio propriamente dito. Um bom Museu ajuda a perceber onde e como se encontrava o quê e mostra preciosas estátuas e objectos de várias épocas e estilos, que foram sendo encontrados em sucessivas escavações.

É para o local que a imagem mostra que é trazida actualmente a chama olímpica e é daí que parte para o país onde vão realizar-se os Jogos Olímpicos que se seguem. Só com muita imaginação, podemos reencontrar o espírito dos Jogos da Antiguidade na parafernália de que se revestem hoje e no espírito ferozmente competitivo que os caracteriza. Os atletas do século VIII a.c. considerariam certamente que Michael Phelps e Simone Biles eram seres extraterrestres, se pudessem vê-los numa espécie de «regresso ao futuro». Por isso também, tentamos nós «regressar» ao passado.

Ficam algumas imagens, das ruínas e do museu, que não conseguem dar nem uma pálida imagem da realidade.



(O Estádio era isto)



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16.11.16

Por esta Grécia fora



Já deixei Atenas, tendo Obama ficado a seguir-me os passos. Ainda bem que andei pela Acrópole e respectivo Museu há dois dias, já que ontem passou por lá ele e a área deve ter estado cercada com vários polícias por metro quadrado.

Hoje foi dia de muitos quilómetros, que incluíram olhar para o Canal de Corinto, passar por Epidauro e por Micenas e ter chegado há pouco a Olímpia.

De Epidauro, importante centro médico em tempo idos, destaca-se actualmente o magnífico Teatro, construído no século IV a.c., célebre pela sua excepcional acústica. Conta a lenda que a queda de um simples alfinete era audível pelos treze ou catorze mil espectadores que o enchiam. Mesmo descontando algum exagero, a verdade é que é excelente e que o espaço se transformou num centro cultural fora de série, com uma vasta série de espectáculos que o enchem todos os verões.

Quanto a Micenas, recorde-se que foi um dos maiores centros da civilização grega, tão importante que esta teve o seu «Período Micénico» entre 1600 e 1100 a.c. Visite-se a importante Acrópole e respectivo museu e não se dará por mal utilizado o desvio e o esforço de trepar…

É tarde e o tempo é pouco. Mas enquanto o dia foi passando, não conseguia esquecer que houve gente como nós que fez maravilhas destas há muitos séculos e que os nossos destinos estão hoje nas mãos de apatetados Junkers e de sinistros Trumps. A começar pelas vidas dos desgraçados gregos. 

15.11.16

Atenas, take 2



A Acrópole cá está, já lá tinha subido duas vezes, hoje poupei-me e «troquei-a» pelo respectivo Museu, magnífico, e onde passei grande parte da manhã.

Construído entre 2005 e 2007 e inaugurado em 2009, a 300 metros da vertente Sul da Acrópole, é um belo edifício onde estão bem expostos objectos que foram sendo descobertos nas imediações e que se encontravam dispersos. A nova exposição dá uma imagem global da história do rochedo, dos santuários e das habitações nele implantados, desde a Pré-história até ao fim da Antiguidade e mesmo da Idade Média – 14.000 metros de superfície, distribuídos por por quatro andares. Infelizmente é proibido tirar fotografias.

Para compensar, deixo esta descrição da vida das mulheres, encontrada num outro museu,quando Péricles brilhava por aqui e mesmo depois, ou seja mais ou menos entre os séculos V e III a.c.
Amanhã deixo Atenas – que continua sem me ter conquistado a alma, embora me tenha agradado mais hoje do que ontem… 
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14.11.16

Atenas, a triste



Que não se trata de uma cidade especialmente bonita, apenas foi para mim uma confirmação neste primeiro dia por aqui passado. Nunca achei que o fosse, é arquitectonicamente pobre, salva-se obviamente a Acrópole e pouco mais.

Mas quando aqui estive no passado, antes de crises e de troikas, existia uma vida própria agradável, a Plaka era uma alegria permanente, cheia de pequenos restaurantes variados e tipicamente gregos, com lojas destinadas a turistas mas com artesanato de alguma qualidade – é pelo menos essa a recordação que guardo.

Hoje há muitas casas fechadas com chapas mal grafitadas, as ruas estão sujas e desleixadas, a comida tipicamente grega quase desapareceu e foi substituída, numa percentagem que não tem nenhuma equivalência possível em Portugal, por fast food de qualidade duvidosa, alguns restaurantes bons ou razoáveis só abrem à noite ou de vez em quando, mesmo quando anunciam o contrário. Os efeitos visíveis da longa crise estão portanto bem visíveis, até na qualidade do que se vê vestido em jovens e menos jovens.

O tempo está óptimo, Lisboa está cheia de turistas, mas não é o caso aqui. (E ainda não vi um único tuc tuc…)

Enfim: vi um belo pequeno museu, fui ao Pireu e amanhã há mais. Depois rumo ao Peloponeso. E não estou aí – o que é um grande descanso! 
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13.11.16

Mais uma saída



Daqui a pouco parto para mais uma viagem, curta desta vez e sem sair das baias da Europa.

Não irei visitar Tsipras, nem integrarei a comitiva de Obama, vou apenas recordar um local onde não ponho os pés há 25 anos e ver outros onde nunca estive. 
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