26.11.16

A pérola jornalística do dia



Não é montagem: telejornal das 13h, hoje na TVI.
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As cheias de Lisboa - 26.11.1967



«Na madrugada do dia 26 de Novembro de 1967, a região de Lisboa foi palco da ocorrência de fortes chuvadas que originaram 300 mortos, milhares de desalojados e a destruição de inúmeras habitações. A imprensa da época noticia a tragédia, de que transcrevemos alguns excertos.

“Lisboa mais abastada seguia para o cinema ou refastelava-se na poltrona caseira, assistindo ao famigerado folhetim 'Gente Nova' da RTP, à espera de mais uma aventura do 'Santo'. A Lisboa menos favorecida estava no café para a bica, ou ficara no bairro suburbano, julgando que o seu fim-de-semana iria ser igual aos outros. Quando o Roger Moore chegou aos receptores, já os tectos humildes começavam a meter água, as ruas pareciam rios, as praças, lagos; e os cinéfilos, bloqueados nos engarrafamentos de trânsito haviam esquecido o Éden ou o S. Jorge e pensavam na melhor maneira de voltar a casa.

Há doze horas que chovia. Os colectores não davam vazão à enxurrada e, logo que a maré do estuário onde eles despejam as águas que vão correndo pela cidade atingiu a sua altura máxima, já não se sabia onde acabava o Tejo e começava Lisboa.” (Flama, n.º 1030, Edição Extra, 1 de Dezembro de 1967, pág. 4)

“Como aconteceu? Como aconteceu? Repete-se a questão. Foi na madrugada de 25 para 26 de Novembro, de sábado para domingo. Chovia. É normal, no Inverno. Poderia ter sido uma chuva benéfica, capaz de abrir em frutos novos muitos campos. Mas não foi. Para muita gente (demasiada gente) ela foi a desgraça ou a morte. Ninguém sabe exactamente a que horas aconteceu a tragédia. Os ponteiros de muitos relógios agora parados indicam vários instantes precisos para diversas localidades. Duas e cinco aqui, uma e cinquenta e três acolá, três e treze noutro lugar. Poderá ter sido bastante mais cedo: pouco antes de terminar a festa que para milhões de espectadores ainda é a TV.” (Flama, n.º 1031, 18 de Dezembro de 1967, pág. 40-41)»

(Da página da Protecção Civil de Lisboa no Facebook)


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Música para este dia



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Fidel Castro



O Facebook tem um sem número de posts em que é afirmado que a morte de Fidel marca o fim do século que passou. Não é mais do que uma maneira politicamente correcta de não tomar posição sobre o seu desaparecimento. Faço o mesmo, mas recordando que o século XX já acabou há 10 meses e 25 dias.

E o melhor comentário que li até agora foi este: «Há abaixo-assinados a correr na Coreia do Norte e na Guiné-Equatorial, solicitando a visita de Marcelo Rebelo de Sousa». E a rainha de Inglaterra que se cuide.
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25.11.16

Dica (440)




«It is time to change the political discourse on globalization: trade is a good thing, but fair and sustainable development also demands public services, infrastructure, health and education systems. In turn, these themselves demand fair taxation systems. If we fail to deliver these, Trumpism will prevail.» 
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Black Friday


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Quando o mês de Novembro se vingou


A cada ano que passa, ignora-se mais o 25 de Novembro e / ou lamenta-se por ele não ser glorificado. Para mim será sempre isto.


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Presidenciais: a França no seu labirinto




Segui, em directo, o debate de ontem à noite entre François Fillon e Alain Juppé. É extraordinário como se tem a «lata» de mentir a muitos milhões pessoas, sabendo-se que nada acontecerá. Estranho mundo, este em que vamos vivendo.
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Lobo amanteigado



«Alguns dos que antes diziam que Trump era um maluco, racista, misógino, etc., agora dizem: "Deixa lá ver o que é que ele vai ser. Se calhar, até é um tipo fixe." Tudo o que Trump disse até agora leva uma esponja por cima e vamos partir do zero. É o tipo de proposta que a Melania pode aceitar, porque tem uma boa mesada, mas para mim não chega. (…)

É um momento estranho, este que atravessamos. Há um partido de extrema-direita, que apoia Trump, e que se sente à vontade para reclamar a supremacia branca (e que questiona se os judeus serão realmente seres humanos) e alguns media têm medo do politicamente correcto e chamam-lhes "alt-right" e nacionalistas em vez de lhe chamarem nazis, não vão eles ficar ofendidos. Como o lobo já nem se dá ao trabalho de se disfarçar de ovelha, resolvem amanteigar o lobo.

"Alt-right" é só um nome moderno para o mais feio que há no mundo desde que o mundo existe com gente. Se o Hitler aparecesse agora, diria que não era nazi - "Sou Jew-delete." (…)

Dá para imaginar um diálogo entre um desconfiado e um trumpista "bem intencionado" enquanto assistem às imagens do comício dos trogloditas do "Alt-right":

- Mas eles estão a fazer a saudação nazi?!!
- Não, isto é o final, são alongamentos.
- Mas..., mas eles, agora, gritaram "Heil Trump!"
- O Lone Ranger também dizia "Heil Silver!"
- Acho que era "Hi-Yo", Silver...
- É a mesma coisa.
- Ele disse: devemos questionar se os judeus são mesmo pessoas?!
- A que horas é o jogo?
- Eia, olha para aquilo! Eles estão a desenhar uma suástica!
- Parece, mas não é. É um jogo do galo para disléxicos.
- Mas está ali um busto do Hitler!
- É do Chaplin a fazer de Adolfo. São saudosistas do cinema mudo.
- Se calhar, tens razão, não são nazis. Vamos à festa dos anos 80?
- Não dá. Já tenho marcada uma dos anos 30.»

João Quadros

24.11.16

Dica (439)




«It’s official: WikiLeaks and anonymous Russian sources are now major players in elections. A new and disturbing factor emerged during the US presidential campaign, one that may change elections forever: democracies are at the mercy of hacking and surveillance technologies, and of those who control them. Already there are disturbing signs that this may affect Germany’s federal elections in September 2017.» 
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OE2017: E la nave va



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Justiça para totós



Ricardo Araújo Pereira na Visão de hoje:

«Regista-se com agrado esta nova e refrescante perspectiva sobre o sistema judicial. Antigamente, as pessoas, denotando uma falta de imaginação bastante aborrecida, condenavam o criminoso e compadeciam-se da vítima. O caso de Manuel Palito, vitoriado à entrada do tribunal depois de ter matado duas mulheres e baleado outras tantas, talvez tenha sido o primeiro indício desta nova e fresca abordagem ao conceito de justiça, que entende a vítima como uma pessoa que, no essencial, é sonsa, e o criminoso como alguém que, tendo lá as suas idiossincrasias, acaba por, fundamentalmente, ter azar com as companhias.»

Na íntegra AQUI.
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António Gedeão, 24.11.1906




Rómulo de Carvalho / António Gedeão nasceu num 24 de Novembro – de 1906. Foi um grande professor de Química, que os seus alunos do Liceu Liceu Pedro Nunes e do Liceu Camões nunca esqueceram, estudioso e grande divulgador da História da Ciência, razão pela qual se celebra hoje, data do seu nascimento, o Dia Nacional da Cultura Científica.

Também poeta, autor de numerosos livros e do texto que deu vida à inesquecível canção Pedra Filosofal. Um pretexto como qualquer outro para a ouvir de novo, com a beleza de sempre e oportuna, hoje como em 1969, quando Manuel Freire musicou o poema publicado em Movimento Perpétuo (1956).



Fica também este manuscrito com parte do poema «Como será estar contente», publicado em Máquina de Fogo, 1960:


Lançar os olhos em volta, / moderado e complacente, / e tratar com toda a gente / sem tristeza nem revolta? / Sentir-se um homem feliz, / satisfeito com o que sente, / com o que pensa e com o que diz? / Como será estar contente?

Deve haver qualquer mecânica, / qualquer retesada mola / que se solta e desenrola / no próprio instante preciso, / para que um homem de carne, / de olhos pregados no rosto, / possa olhar e rir com gosto / sem estranhar o som do riso. (...)
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Europa e crise da democracia



«Não é só na América do Norte que topamos com a crise da democracia. Na América do Sul de língua portuguesa também. E não é preciso ultrapassar o Atlântico e ficarmos estupefactos com a vitória de Trump. Tivemos à nossa porta, na Itália há bem pouco tempo, o exemplo de Berlusconi. E algumas figuras portuguesas deram também um triste espectáculo na política nacional e internacional, como Durão Barroso.

O “sistema” mantém-se: o dinheiro tudo move e, com base nele, forma-se uma “sociedade do Espectáculo”, matando a cultura como interpretação crítica da realidade. Há dias uma dita especialista dizia que era preciso desenvolver a cultura e a educação pois sem ela não haveria desenvolvimento económico. Afinal foi um discurso desse tipo que fez nascer a União Europeia, que teve como pecado original a Comunidade Económica Europeia. Esta “Europa” não nasceu com base na formação de uma cultura europeia, feita de unidade e de diversidade. Nasceu tendo como mira o desenvolvimento e o poder ou os poderes, que naturalmente se digladiam. Daí o “Brexit”, que é o epílogo de um Reino Unido — sempre na Europa e fora dela — que considerou preferível sair, como afirmação da nacionalidade, mas também por uma questão de poder, apesar do domínio da língua inglesa e de apoiar a política americana na lógica neoliberal, que o fez inclusivamente pensar num “socialismo moderno”, com base nas doutrinas pragmáticas de Tony Blair e do seu conselheiro Giddens. E também foi ela que ajudou os aliados americanos a hastear o pavilhão de pólvora do Iraque, até com uma ajudinha do Portugal de Barroso, que com eles se reuniu nas Lajes.»Europa e crise da democracia.»

Luís Reis Torgal

23.11.16

Vem aí o Natal


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Dica (438)




«Weak, noncommittal language allows people to hide from reality and avoid accountability. Writers must not be afraid to call some of Trump’s believers what they truly are.» 
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Marcelo: verdades ou pós-verdades?




«"Ora bom, conseguimos garantir a estabilidade política que se considerava questionável. Estabilidade na existência de Governo, estabilidade nas relações entre Governo e Assembleia da República, com uma fórmula governativa particularmente complexa e nunca ensaiada em Portugal, na cooperação institucional entre o Governo e o Presidente da República", acrescentou.
No seu entender, conseguiu-se ainda "garantir um relativo apaziguamento no quadro das forças políticas em presença" e estabilidade "no reajustamento da oposição – ela própria saída do Governo para uma situação diversa".»

Isto anda tudo tão baralhado que ao ler afirmações destas, vindas de Marcelo, já não sei se as interprete como verdades ou como pós-verdades. Mas enquanto o pau vai e vem… 
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Obama entrega 21 Medalhas da Liberdade


Dois exemplos:





Cerimónia na íntegra:


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O sucesso das notícias falsas



No Público de hoje, José Vítor Malheiros aborda o tema que está na ordem do dia, num texto intitulado «Menina de sete anos grávida pela segunda vez»:

«O título desta crónica reproduz o título de uma reportagem publicada neste jornal no dia 18 de Junho de 1993. A reportagem era assinada pela jornalista Tereza Coelho (1959-2009) que, no primeiro parágrafo, desvendava a razão do título: “É sobre o concerto de Donovan na quarta-feira em Lisboa, mas com outro título ninguém lia. (…)

Não havia, da parte da jornalista, a mínima intenção de defraudar os seus leitores – tanto mais que a artimanha era desmontada nas primeiras linhas do texto (…) Mas a verdade é que a provocação de Tereza Coelho punha em evidência a perversidade do jogo em que a imprensa estava a mergulhar para garantir as audiências que assegurassem a sua sobrevivência. (…)

Uma notícia falsa atrai mais leitores precisamente porque é falsa. Porque o conteúdo pode ser tão bizarro ou escandaloso quanto se queira e não custa quase nada a produzir porque não é preciso fazer entrevistas, deslocações e investigação: basta sentar-se à secretária e inventar. E o tráfego gera receitas através da publicidade que é colocada no site.

O “abcnews.com.co” [site de notícias falsas com sede na Colômbia] é um dos muitos sites que pertence a Paul Horner, um empresário de 38 anos desta área de negócio que explodiu durante as eleições presidenciais americanas. Porque é que isto é importante? Porque Horner acha que foram as suas notícias falsas que puseram Trump na Casa Branca. Porquê? Porque Horner descobriu que os republicanos mais à direita são o grupo mais fácil de enganar e consomem e partilham as suas notícias sem fazer qualquer tipo de verificação. Daí que tenha feito centenas de notícias (partilhadas milhões de vezes) sobre as conspirações e a corrupção dos liberais e que iam direito às preferências dos americanos mais racistas, homófobos e de uma forma geral reaccionários.

A narrativa sobre a qual assenta a democracia representativa diz-nos que os cidadãos se informam nos media e votam de acordo com os seus valores, interesses e preferências. Mas o que acontece quando uma maioria de cidadãos consome “informação” que não é apenas enviesada, mas totalmente falsa? As eleições livres continuam a ser possíveis?» 
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22.11.16

Dica (437)




«Resistance is growing in industrialized countries to the problems caused by globalization and free trade. Populists like Donald Trump have promised relief by erecting new barriers to unhindered trade. But it is a dangerous path.»
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Cristas e o amor radical

EUA: o que aí vem




«Spencer has popularized the term “alt-right” to describe the movement he leads. Spencer has said his dream is “a new society, an ethno-state that would be a gathering point for all Europeans,” and has called for “peaceful ethnic cleansing.” (…)

“America was until this past generation a white country designed for ourselves and our posterity,” Spencer said. “It is our creation, it is our inheritance, and it belongs to us.”
The audience offered cheers, applause, and enthusiastic Nazi salutes.
Here is the video, excerpted from an Atlantic documentary profile of Spencer that will premiere in December 2016.»


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Os diabos e as pós-verdades



«Em Portugal, já não se discute onde está o Wally. Pergunta-se onde está o Diabo, ou o Diabinho, na sua versão mais carinhosa e fofa. Há respostas para todos os paladares. E disfarces para todos os que se julgam envolvidos no jogo.

Mas enquanto a classe política se entretém com esta versão de "paintball" pacóvia, lá fora as preocupações são outras. O dicionário Oxford considerou como palavra do ano um neologismo: a pós-verdade. Traduzido para a linguagem clara isso significa que os factos objectivos influem cada vez menos na formação da opinião pública do que a emoção e a crença pessoal. (…)

Olhe-se à volta: o Brexit ou a eleição de Donald Trump são encaradas como pós-verdades. Embora, no caso de Trump, e olhando para a equipa que se está a constituir na Casa Branca, é caso para dizermos que se esta é a verdade, tragam-nos depressa uma mentira. A questão central é como a democracia vai sobreviver a estes afluxos de "pós-verdades", onde os cidadãos baseiam as suas convicções em afirmações que sentem ser verdadeiras, mas que não se apoiam na realidade. Esta tendência destruidora está agora a afectar todos os contratos sociais, a discussão serena ou a predominância da ética e da moral. Estamos a construir uma outra verdade onde chocam os ovos do populismo e do radicalismo. Nada que este mundo demasiado desigual não estivesse a fermentar. Trump traz mais do que uma pós-verdade ao mundo: traz a verdade nua e crua. A Portugal, onde as notícias chegam mais devagar, também chegará um dia.»

Fernando Sobral

21.11.16

Dica (436)



Living in Trump’s Soviet Union. (Gary Shteyngart) 

«I grew up in a dystopia - will I have to die in one, too?»
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As viagens do Presidente




E pronto: lá vai Marcelo dizer que, numa outra encarnação, estava na primeira fila quando puseram as primeiras pedras das Pirâmides e que passou pelo Praça Tahir em 2011. 
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Pornografia musical




Pobre Leonard Cohen!
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Irá Marine Le Pen guinar mais para a direita?




A ler, na íntegra. Mas fica esta pérola: «Si je suis élu président de la République, je demanderai à trois académiciens de s’entourer des meilleurs avis pour réécrire les programmes d’histoire avec l’idée de les concevoir comme un récit national»
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O país que perdeu quase tudo sem dar por isso



«O país amanhece hoje com mais um banco controlado por capitais chineses. O grupo privado Fosun passa a deter 16.7% do capital do BCP, tornando-se o maior acionista individual, através de uma operação de aumento de capital, pelo qual paga 175 milhões de euros. Fica aberto o caminho para chegar aos 30% e conta já com a luz verde do BCE para esse efeito. (…)

O BCP é o maior banco privado português. A EDP é a maior empresa elétrica do país. A REN – Redes Elétricas Nacionais gere as principais infraestruturas de transporte de eletricidade e de gás natural. A ANA controla todos os aeroportos nacionais. A TAP é fundamental na captação de turistas para o país. Todos foram vendidos ou estão concessionados a investidores estrangeiros, assim como o porto de Sines (…) e todos os outros. (…)

Ora um país que não controla os seus portos, os seus aeroportos, a sua energia (quer a produção quer a distribuição) nem o seu sistema financeiro na quase totalidade (escapa a CGD) é seguramente um país que terá no futuro cada vez mais dificuldades em definir uma estratégia nacional de desenvolvimento. (…)

É este o Estado que temos: sem poder para mandar naquilo que é verdadeiramente essencial para definir uma estratégia de desenvolvimento. E o que é espantoso é que quase tudo tenha acontecido em tão pouco tempo (entre 2011 e 2015, pouco mais de quatro anos) e que estivéssemos tão anestesiados que o não conseguíssemos evitar.»

Nicolau Santos, no Expresso curto de hoje, 21.11.2016.
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20.11.16

A realidade dos factos


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Dica (435)




«The new demagogues on either side of the Atlantic are ripping up the traditional rules of electoral politics.» 
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Maria Eugénia Varela Gomes



Quando acaba de se saber que Maria Eugénia Varela Gomes morreu hoje, repesco um texto que Manuela Cruzeiro escreveu já há alguns anos e que remete para os Dados biográficos e Fotografias de mais uma grande lutadora que nos deixa. 
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Geringonça Maybach S650 Cabriolet



«É a notícia da semana. Portugal foi o país que mais cresceu na Zona Euro no terceiro trimestre do ano! (…) A poderosa Alemanha apresentou 0,2% de crescimento no trimestre em cadeia e 1,7% de crescimento homólogo. A "geringonça" venceu a corrida com um Mercedes. Estes alemães são uns calões. Já não bastava termos sido campeões europeus de futebol, agora somos o motor da Europa. (…)

É curioso ver que a Universidade Católica tinha previsto um crescimento económico de 0,2% em cadeia e de 1% em termos homólogos. Não adianta vir com a desculpa de que Jesus Cristo não sabia nada de finanças. De 0,2% para 0,8% vai uma margem de erro que queima a reputação de qualquer analista e pode trazer problemas com a GNR e o balão. Fica mal à Universidade Católica prever números tão distantes da realidade. É mau exemplo para os alunos. Com que autoridade vão poder chumbar um aluno que diz que os apóstolos eram três. Na verdade, ficamos com a sensação de que se fartaram de rezar para que os números fossem estes. Foi uma questão de fé. Os economistas da Católica não são Velhos do Restelo, são os avós dos Velhos do Restelo. Os trisavôs do Restelo.

Não sendo analista, não prevejo que Teodora Cardoso vá aparecer com trancinhas, numa atitude positiva e um sorriso que anuncia - "Olha, de repente, estamos na média de crescimento da UE!" - não espero isso. Teodora Cardoso é daquelas pessoas que acha que a ida do homem à Lua é mentira.

Perante estes números, juntamente com notícias sobre a luz verde de Bruxelas ao Orçamento do Estado para 2017, sem medidas adicionais, e a decisão de não suspender os fundos comunitários, e revendo a sua entrevista à SIC em Março, Passos Coelho irá cumprir a promessa de votar PS, BE ou PCP se a estratégia da "geringonça" funcionar. Ou seja, se a estratégia da "geringonça" continuar a funcionar, Passos vota em todos menos no Rui Rio.»

João Quadros