11.2.17

Multiculturalismo


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Dica (498)




«Let’s not kid ourselves. Perhaps, in this instance, some of Trump’s political advisers will manage to calm him down. Even if that happens, though, his browbeating approach to the Presidency won’t change: it’s who he is. In many, many areas, he will need to be opposed, restrained, and hemmed in.

So three cheers for the judges. But this is only the beginning.» 
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Marcelo: isto promete e ainda a procissão vai no adro




“Espera-se que a oposição bata no Governo e que o governo bata na oposição. De facto, parte da lógica. E que o Presidente seja uma espécie de Madre Teresa de Calcutá, (para não ir para a imagem do Papa Francisco que está muito gasta) que estenda o seu amor fraterno”.

Apertemos os cintos. Marcelo já está em fase de treino para a vinda do papa e fará cada vez mais referências deste tipo.
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A realidade dura e crua



(A preços de 2016)  

Expresso Economia, 11.02.2017.
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Foi há 10 anos



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Só dez anos de geringonça?



«Porfírio Silva, dirigente do PS, lançou a pergunta: e se os partidos que apoiam o Governo estabelecessem um acordo para uma década? Tendo o cuidado de não se prender à forma da coisa, mas sem indicar objectivos, a proposta simplesmente sugere uma convergência perpetuada. Assim, não vai resultar.

Não resultou no passado: o PS levou às eleições uma Agenda para a Década e, convém lembrar, foi contra as suas propostas que se fizeram os pactos com o BE e o PCP. Mas, feitos tais acordos, é de facto de pensar na sua evolução. (…)

É evidente que em 2017 é preciso fazer “mais e melhor”. Por isso, sentindo há um par de meses a indefinição na preparação orçamental, Marisa Matias sugeriu uma actualização dos acordos, mas o PCP desinteressou-se e o Governo respondeu que os problemas se vão resolvendo dia-a-dia. Todos os parceiros reconheceram, no entanto, o óbvio: que há pontos essenciais dos acordos para quatro anos (o salário mínimo) e que há objectivos que são potentes e devem ser trabalhados ao longo do tempo (criar emprego, melhorar os serviços públicos, recuperar a economia). Os partidos de esquerda sublinharam, portanto, que os acordos não estão esgotados mas precisam de instrumentos de execução. (…)

Aqui é que está o busílis: nas PPP da saúde, na gestão da banca, na lei laboral e noutros temas, o Governo parece mais inclinado para soluções em tensão com a esquerda do que para buscar acordos de maioria — o que prova que reduzir as conversas entre os parceiros a uma gestão do dia-a-dia cria instabilidade. É precisa mais solidez e uma forma de o conseguir seria definir um programa anual de prioridades com medidas concretas, entre os partidos e o Governo, com o Orçamento. Tudo ficaria claro e saber-se-ia com que contar cada ano e é a minha sugestão.

Quanto à década, para haver uma articulação entre o centro e as esquerdas seria necessário que construíssem uma visão comum para Portugal e a União Europeia. Mas ninguém sabe o que será a UE nessa década. É mesmo provável que, em 2027, tenhamos uma Europa muito diferente da actual, pois nem o euro sobreviverá a uma nova recessão nem a configuração do eixo Berlim-Frankfurt-Bruxelas resistirá aos incêndios que ateia. Um entendimento para uma década implicaria, portanto, uma condição, ter um rumo para salvar Portugal deste desastre. E, se há agora mais acordo sobre o diagnóstico, a solução de esperar para ver não permite saber o que fazer. O que é certo é que na década a política se decidirá na questão europeia de sempre: ou austeridade ou o povo.»

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10.2.17

Dica (497)

Órban está optimista: Trump é só o começo



Daniel Oliveira no Expresso diário de 10.02.2017:



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Não impeçam os afectos!



«Nova lei impediu mais de 11 mil acções de despejo por dívidas ao Fisco - é positivo mas, ao mesmo tempo, são menos sem-abrigo com que o Presidente da República pode ir almoçar.»

João Quadros no Negócios.
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Os banqueiros também têm coração



«O grupo CaixaBank comprou 39,02% do BPI na OPA que lançou sobre o banco. Passou, assim, a controlar 84,5% do BPI. (…)

Foi uma OPA bem sucedida e o Banco Português de Investimento passou a ser espanhol. Tenho a mesma opinião que o Doutor Artur Santos Silva, o ainda presidente do conselho de administração do BPI diz que "não me preocupa que o BPI seja uma sucursal de um banco espanhol". Concordo. Aliás, bem pelo contrário, sinto um enorme alívio porque isso quer dizer que, desta vez, se correr mal, quem paga é o contribuinte espanhol.

O alívio é notório nas palavras do ex-presidente executivo do Banco BPI e futuro chairman do banco espanhol, Fernando Ulrich: "Quero continuar a trabalhar muito, mas com menos stress". Menos stress, diz o senhor do "aguenta, aguenta". O que vale é que o CaixaBank não é a Padaria Portuguesa ou iria ganhar menos. (…)

Nós últimos dias, descobri o lado romântico que existe nos banqueiros. Já andava desconfiado que os banqueiros também tinham coração, quando o Doutor Ricardo Salgado disse, aos jornalistas, à saída do DCIAP: "Está muito frio cá fora, tenham cuidado, ainda se constipam." Mostrou uma sensibilidade que não lhe conhecia. Vê-se que é uma pessoa que se preocupa mais com os outros do que com o dinheiro dos outros.

Mais recentemente, quando tomei conhecimento que a quantidade de cartas que o António Domingues escreveu ao ministro Centeno está ela por ela com a correspondência amorosa entre Fernando Pessoa e Ofélia Queiroz, fiquei definitivamente convencido de que o lado romântico dos banqueiros é uma realidade. É comovente ver aquela troca de correspondência porque, nos nossos dias, já ninguém escreve cartas e ninguém acredita em promessas de políticos. António pede a Lua a Mário e ele responde dizendo que vai buscar um escadote.

É bonito. Mas as juras de amor entre banqueiros e políticos são como uma bola de sabão colorida nas mãos do Capitão Gancho. Enfim, podemos dizer que todas as cartas de banqueiros são ridículas. Não seriam cartas de banqueiros se não fossem ridículas.»

9.2.17

Dica (496)



Interview with Martin Schulz. 'The Trump Approach Will Never Be Our Approach'. (Klaus Brinkbäumer, Markus Feldenkirchen e Horand Knaup) 

«Martin Schulz, the former president of European Parliament, is now running against Angela Merkel for the German Chancellery. SPIEGEL speaks with him about populism, the stability of democracy and Donald Trump.» 
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É oficial: vivemos num mundo de loucos!

Para uma filosofia do livro e da batata



Ricardo Araújo Pereira na Visão de hoje:

«Outra declaração [Manuel Maria Carrilho] bastante bizarra foi esta:” Os livros, que são como meus filhos, foram metidos em caixote como se fossem batatas”. Trata-se de uma frase que revela, sem margem para dúvidas, que Carrilho não percebe nada de livros, de filhos e de batatas. (…)

A ideia de que os livros são como filhos parece um pouco inquietante. Se Carrilho tem os seus filhos arrumados em prateleiras por ordem alfabética do apelido do autor, talvez a segurança social devesse fazer-lhe uma visita. Se leva os livros a passear e lhes dá banho, convinha que um bibliotecário tivesse uma conversa com ele.»

Na íntegra AQUI.
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Há dez anos, o fim da campanha a favor da IVG



Exactamente há 10 anos, terminou a campanha a favor da despenalização da IVG (Interrupção Voluntária da Gravidez). Durante semanas, calcorreei muitas ruas de Lisboa, fiz centenas de telefonemas, passei longas horas nocturnas a alimentar o blogue do «Movimento pelo SIM».


Mas também é dia para agradecer ao então nosso futuro presidente a excelente ajuda que, involuntariamente, nos deu:


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As guerras de Trump. Juízes e imprensa que se cuidem



«Os jornalistas americanos - os genuínos que rejeitam os 'factos alternativos' e dizem a verdade sustentada na face do poder - surgem como a única genuína protecção contra a autocracia e a tirania. Longa vida à oposição real.» (Sanford J. Ungar, citado por F.Sobral) As guerras de Trump. Juízes e imprensa que se cuidem «Há momentos em que tudo parece correr bem a Donald Trump. Os Patriots venceram o Superbowl. E Robert Kraft, o dono do clube, Bill Belichick, o treinador, e Tom Brady, a estrela maior, são amigos de Trump.

E, no Senado, conseguiu ver Betsy DeVos passar o exame apesar da oposição cerrada dos democratas que vislumbram nesta escolha, de alguém não qualificado para o cargo, mais uma prova que Trump, por razões ideológicas, quer destruir as agências federais que gerem sectores vitais da sociedade. No "New York Times", Ross Douthat escreve: "Porque é que os democratas lutaram de forma tão firme (contra DeVos)? Porque neste caso particular as regras da política normal antes de Trump ainda se aplicam. (…) Primeiro, quando os grupos de interesses falam, os políticos ouvem - e os sindicatos de professores são mais poderosos nos círculos democratas, com mais dinheiro e crédito, do que muitos grupos que lideram a carga contra os nomeados e políticas de Trump. (…) O fervor da oposição reflecte o Partido Democrata no seu pior: generoso na defesa da burocracia e dos seus empregados, mais excitado nas causas caras à classe média-alta do que aos interesses dos pobres".

No "Washington Post", o antigo jornalista Sanford J. Ungar observa, sobre o ataque cerrado de Trump aos media: "Os jornalistas americanos - os genuínos que rejeitam os 'factos alternativos' e dizem a verdade sustentada na face do poder - surgem como a única genuína protecção contra a autocracia e a tirania. Longa vida à oposição real". Na "Newsweek", Robert Reich vai mais longe: "Nenhum outro presidente tentou intimidar juízes. Nenhum questionou a legitimidade dos tribunais. O sector judicial, a imprensa e os estados são os últimos bastiões da resistência a Trump. Por isso ele está a aumentar os ataques a eles. Trump não quer resistência. Quer controlo total".»

8.2.17

Valha-nos o humor


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Dica (495)




«The United States president is becoming a danger to the world. It is time for Germany and Europe to prepare their political and economic defenses.» 
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Um enorme beijómetro



Los hijos de los días, Eduardo Galeano. 
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Regressar a casa na América de Trump



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A propósito de lirismos socialistas

As horas em que a troika esteve em parte nenhuma



«Parece que o correspondente do Financial Times foi o jornalista que descobriu um buraco na agenda da delegação da troika em Lisboa, quando vieram negociar o resgate, pela Páscoa de 2011: os homens tinham desaparecido por um par de horas. O tempo do discreto pequeno-almoço, soube-se depois, foi passado no palácio da Nova Business School com alguns economistas lusos e foi um encontro feliz: “Eles (os da troika) estavam desejosos por ouvir as nossas ideias”, contou o director da faculdade, José Ferreira Machado. “Num país pequeno como o nosso, as principais faculdades de Economia são em certo sentido co-líderes da nação de um modo que não seria possível nos países maiores”, acrescentou ufano. “Somos o ponto de encontro das elites de hoje e de amanhã e a nossa obrigação é indicar aos futuros líderes do país as direcções possíveis”, explicou ainda. O resultado é sabido, o memorando da troika: “[Tem] a marca intelectual da nossa escola”, esclareceu Ferreira Machado ao Financial Times. (…)

Olivier Blanchard, então economista chefe do FMI, tinha explicado que “a redução dos salários nominais parece exótica, mas é o mesmo na essência que uma desvalorização bem sucedida”. Para isso, explicava ele, é necessário um “período sustentado de grande desemprego”, com um “ajustamento que é provável que seja longo e doloroso”, com “tantos anos de elevado desemprego quantos necessários para convencer os trabalhadores da necessidade do ajustamento”. Há poucos dias, três economistas do Banco de Portugal, suponho que incluindo um dos co-líderes que mata-bichou com a troika nos idos de 2011, teorizaram também que os contratos colectivos devem ser limitados, se os salários baixos são a boa condição económica. Quando ouvir falar de “reformas estruturais”, já sabe que é disto que se está a tratar, é tudo Padaria Portuguesa.

É claro que tanta agressividade ideológica havia de ser chamada à pedra. Mesmo dentro do FMI, alguns economistas desmentiram as soluções da “marca intelectual”, suscitando um ralhete dos seus chefes. Ficam os factos a tirar teimas: a estagnação e portanto a divergência entre economias, a crise permanente das dívidas e o risco de nova recessão dizem tudo. (…)

Mas a questão é esta: como é que pessoas inteligentes aceitaram trabalhar com hipóteses tão mirabolantes e blindar os seus modelos em relação à realidade? Uma resposta é a religiosa: converteram-se a uma noção transcendente que afirma que os mercados têm sempre razão porque a razão do comportamento humano é o egoísmo ambicioso.»

7.2.17

Isto também é a América


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Dica (494)




«Is Donald Trump in the process of transforming the United States into an autocracy? His first weeks in office make it look as though that is his aim. The president is hewing closely to the ideas of his chief strategist, making Stephen Bannon the most dangerous man in America.» 
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07.02.2017 - Juliette Gréco



Juliette Gréco faz hoje 90 anos. Já tudo foi dito sobre esta grande senhora que está viva e activa.: diz-se que estará hoje presente numa manifestação contra a extrema-direita em França.

Ficam alguns textos publicados, ou recordados, a propósito da data de hoje e algumas das suas interpretações clássicas, entre muitas outras possíveis.


Uma bela entrevista de há dois anos: «Cela fait 88 ans que je suis en guerre»


Há dois anos:














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Um PR criativo (e perigoso)



Marcelo disse hoje que no fim nos anos 60, inícios dos 70, as raparigas universitárias não saiam à rua sozinhas à noite, só acompanhadas. Esqueceu-se certamente de acrescentar que estava a falar das suas amigas betinhas.

A única coisa que me preocupa é que ele diz o que lhe passa pela cabeça e nem sempre todos têm / temos informação para saber se se trata, ou não, de puras invenções em assuntos que podem ser importantes. Sempre foi assim e não mudará. 
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As mentiras, a mudança da China e a guerra



«O mundo parece menos seguro. Especialmente quando uma conselheira principal de Trump, Kellyanne Conway, vem defender o entrave à entrada de imigrantes muçulmanos nos EUA com um massacre que nunca existiu.

Ela falou do "massacre de Bowling Green" como exemplo para a acção presidencial. Só que o massacre nunca existiu. Pormenores. Talvez por isso Isabel Hilton, no Guardian, vem dizer que há um novo fascínio pela China. Há uns anos, os académicos liberais esperavam que a abertura económica da China traria uma sociedade aberta. Erraram. Mas agora tudo muda com Trump: "As não-verdades oficiais da China parecem modestas em comparação com as de um homem (Trump) que mal diz uma frase sem dizer uma mentira. Para Pequim a questão é saber se uma tentativa de substituir a influência dos EUA é possível ou desejável. Para os aliados dos EUA a questão é até onde devem desejar o sucesso de Pequim." Uma boa questão.

No Independent, Sean O'Grady questiona se as previsões de Steve Bannon, o principal conselheiro de Trump, de que vai haver uma guerra nos mares do Sul da China se vão concretizar. E escreve: "Onde começará Donald Trump a sua primeira guerra? Ele parece um homem sempre em busca de uma briga. A má notícia é que há muitos no mundo que lhe podem dar uma." Muito interessante é a análise do conceito P. J. O'Rourke no Weekly Standard: "A eleição de 2016 foi terrível porque não foi uma eleição, foi uma rebelião. A América está a ter uma guerra civil, ou melhor, uma guerra de incivilidade. Não é entre republicanos e democratas ou entre conservadores e progressistas. É entre os que estão assustados e aquilo de que têm medo. Está a ser lutada pelas pessoas que consideram que não controlam nada. Eles estão a cercar as pessoas que acham que controlam tudo." É uma análise a ter em conta.»

6.2.17

Assim vamos andando



… com a cabeça entre as orelhas.
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Dica (493)




«Compulsive liars shouldn’t frighten you. They can harm no one, if no one listens to them. Compulsive believers, on the other hand: they should terrify you. Believers are the liars’ enablers. Their votes give the demagogue his power. Their trust turns the charlatan into the president. Their credulity ensures that the propaganda of half-calculating and half-mad fanatics has the power to change the world.»
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06.02.1932 – François Truffaut



François Truffaut nasceu em Paris em 6 de Fevereiro de 1932. Faria hoje 85 anos, morreu muito cedo (com 52), mas deixou-nos 26 filmes que o mantêm connosco. Com uma infância atribulada, que acaba por retratar parcialmente em «Les quatre cents coups», Truffaut fundou um cineclube aos 15 anos e foi rapidamente descoberto por André Bazin que viria a ter uma influência decisiva na sua carreira, introduzindo-o junto dos grandes nomes da época e nos celebérrimos «Cahiers du Cinéma». Tornou-se um dos principais representantes da «Nouvelle Vague» francesa e, nesses tempos áureos do cinema francês, era sempre com ansiedade que se aguardava a estreia de um novo título.

Alguns entre muitos inesquecíveis: «Baisers Volés» (1968), «Les quatre cents coups» (1959), Fahrenheit 451 (1966) e o último dos seus filmes, estreado um ano antes de morrer: «Vivement dimanche!» (1983).








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Second America in Mars?




Entretanto, este post foi actualizado e tem agora vídeos de nove países europeus.
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A eterna dívida



«Em Portugal, há palavras que nunca desaparecem do horizonte: crise, dívida, défice. Já se tentaram todos os malabarismos possíveis para resolver esses emplastros, alguns mesmo até importados de circos internacionais, mas nunca deixamos de voltar a eles.

A crise faz parte de Portugal. E as negociatas também, como foi exemplar a da PT ou a do BPN, para só recordar pesadelos recentes. Já houve mentes iluminadas que tiraram do bolso soluções para resolver a crise da dívida. Em 1892, por mero exemplo, o deputado Ferreira de Almeida tirou o elixir milagroso da cartola. Segundo ele, vendiam-se as colónias (excepto Angola e Índia) e abafava-se o défice orçamental que, nessa altura, era de 10 mil contos. A ideia não frutificou e por isso continuámos a caminhar alegremente sobre o terreno escorregadio da dívida e do défice. Quando a dívida volta a aumentar, como agora foi confirmado, o país já nem se incomoda: encolhe os ombros. A dívida tornou-se algo com quem convivemos todos os dias, tal como as obras intermináveis de Lisboa ou os problemas técnicos do metropolitano.

Quando se escuta alguma da classe política nacional até se julga que a crise é um tornado para o qual temos como resposta o anticiclone dos Açores. A crise, em Portugal, é como os vírus resistentes: é mutante e adapta-se. Talvez alguns ainda se lembrem quando nos idos de 2006 o então ministro Manuel Pinho decretou o fim da crise. Todos se riram da piada, menos o próprio. A crise portuguesa resiste a tudo: a Merkel, ao BCE, ao FMI, aos liberais e aos estadistas. Portugal nunca conseguiu melhorar à custa de antibióticos internacionais e por isso continua com uma anemia genética. Como escrevia há muitos anos Antero de Quental, os partidos "perderam a noção da realidade; e enquanto o mundo se transforma vão repetindo maquinalmente as costumadas teses duma filosofia caduca e que nem já compreendem". A crise não é só na economia. É, há muito, cultural e social. Portugal é um país sem projecto e sobrevive de "trade offs" diários. Só disso.»

5.2.17

Dica (492)




«Former finance minister Yanis Varoufakis strikes back and urges Prime Minister Alexis Tsipras to turn his back on Greece’s lenders, adopt a parallel payment system and to unilateral restructure the loans held by the European Central Bank.»
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Ingénua me confesso



… mas eu continuo a acreditar que os americanos pisaram a Lua em 1969. Porém, certamente por causa de Trump e dos «alternative facts», regressou a velha teoria de que tudo foi uma encenação imperialista e, nas redes sociais, lêem-se comentários extraordinários, que reivindicam todos os louros para Gagarin, para a simpática Laika, etc. e tal.

Enfim, sem emenda, nada a fazer… 
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A Espanha também é uma nação...


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Vasco Pulido Valente dá-nos «uma boa notícia»

Trump: a culpa é do ‘politicamente correcto’ …



«Três exemplos colhidos no jornal on-line Observador. Antes ainda da tomada de posse de Donald Trump, Rui Ramos escrevia: "…entre a intolerância, a mentira e o assédio, os anti-trumpistas vão praticando o que clamam que Trump fez ou fará mais tarde. Se estes são os defensores da democracia, então a democracia não precisa de inimigos". Segue-se José Manuel Fernandes, com Trump já na Casa Branca: "Nas últimas semanas assistimos a um assalto do ‘politicamente correcto’ que tratou de impor uma linguagem única que, mais do que corresponder a valores democráticos e humanistas partilhados por todos, correspondem à tentativa de impor uma agenda ideológica de ‘engenharia social’". Finalmente, Paulo Tunhas: "Mais depressa Trump fará coisas boas pelos Estados Unidos, e até pelo mundo, do que Costa o fará por Portugal".

Estes três exemplos são reveladores da excitação provocada pelo fenómeno Trump junto de alguns círculos conservadores (ou neo-conservadores) com colunas regulares nos media portugueses. Entre uma ostensiva devoção ao novo Presidente americano e uma eventual distância crítica relativamente aos seus "exageros" – devoção e distância que por vezes se confundem – há um persistente traço comum: o de atribuir a origem das medidas anunciadas por Trump a uma reacção inevitável ao ‘politicamente correcto’. Ou seja, a ideologia do ‘politicamente correcto’ que se impôs – e, pelos vistos, continua a impor-se – entre as elites americanas, europeias e do resto do mundo, está na origem do impetuoso levantamento trumpista. (…)

Tudo o que Trump lançou até agora – a cruzada contra a imigração, o muro na fronteira com o México, o elogio da tortura, entre tantas outras coisas inusitadas – fê-lo ora por prevenção sábia, ora por continuidade com políticas de Obama, que este não assumia e ele proclama com fervor, ora por recusa dessa praga do politicamente correcto (ou ainda porque, apesar dos factos, tudo isso foi mais uma invencionice dos anti-trumpistas). (…)

Entretanto, avisam trumpistas e anti-trumpistas mais propensos à acomodação: é preciso ter cuidado e não reagir de forma incendiária, juntando óleo ao fogo. Aviso sábio… Trump não é Hitler, mas Hitler começou a levantar a cabeça depois da inclinação servil dos líderes europeus perante o nazismo na conferência de Munique. E Marine Le Pen é uma face europeia de Trump, por mais que isso custe a admitir por trumpistas e anti-trumpistas condescendentes. Se o ‘politicamente correcto’ está na origem do fenómeno Trump então ele é – como já aqui escrevi – a nova expressão do ‘politicamente correcto’. São porventura, segundo J. M. Fernandes, os custos da ‘engenharia social’…»

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Sinto-me gozada


...(Expresso 04.02.2017)

E eu a julgar que os nossos reis há muito que não prestavam vassalagem à Santa Sé… 
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