1.7.17

Bichos, muita bicharada (9)



Uma boa sesta na Rota da Seda. Khiva, Uzbequistão (2011).
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Dica (579)



Não há incêndios súbitos (Miguel Sousa Tavares) 
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New York Post – um curtíssimo editorial

Fernando Seara em campanha eleitoral




Aqui o vídeo é mais longo, ouve-se bem e há legendas.
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O fim do sorriso de António Costa



«Nomeado primeiro-ministro sem ganhar eleições e sendo então olhado por uma larga fatia da opinião pública e publicada como um usurpador da chefia do Governo, António Costa não teve logo direito ao estado de graça oferecido pelas vitórias eleitorais aos vencedores acabados de subir ao topo do poder de Estado. (…)

Voltou a pôr a política em primeiro lugar e a recuperar a propaganda como veículo tradicional da transmissão da mensagem política. E – convenhamos – se há duas características de perfil político que em Costa são brilhantes são as suas capacidades negociais e as propagandísticas. (…)

A sua habilidade negocial permitiu-lhe gerir a maioria e meter os parceiros parlamentares no bolso. Nem PCP nem BE têm condições de votar contra um Orçamento do Estado até 2019. Se bem que se vejam obrigados a distanciarem-se do PS no discurso político de forma a criarem, cada um deles, o seu espaço eleitoral, para não serem engolidos nas legislativas e se tornarem vítimas do abraço do urso do PS. Costa ganhou também a confiança dos cidadãos, como demonstram as sondagens e outros estudos de opinião, e criou um clima de confiança no país.

A imagem dessa capacidade de acção política e de conquistar os outros – seja os parceiros de maioria, seja Bruxelas, seja a população em geral – é o seu constante sorriso. Em qualquer circunstância, Costa afirmava-se pelo seu sorriso permanente, que espelhava a sua imensa tranquilidade, segurança e autoconfiança de que o que dizia ia mesmo acontecer. Um sorriso quase profético. Um sorriso demonstrativo da atitude que Marcelo Rebelo de Sousa caracterizou como a de “optimismo crónico e às vezes ligeiramente irritante”.

Agora, Costa vai ter de fechar o seu sorriso. Não tem mais condições para o manter. Vai ter de deixar de exibir a sua autoconfiança. Vai ter de cercear a sua capacidade de propaganda. Vai ter de começar a provar ser capaz de gerir o Estado de uma forma dirigida à optimização da máquina pública na prestação de serviços aos cidadãos.

A nova atitude governativa de Costa terá de passar por acções concretas que não se fiquem pelo diálogo ou pela gestão orçamental. Terá de passar pela reestruturação em profundidade da política florestal em coordenação com a política de prevenção e de combate a incêndios. Criar uma arquitectura de comando coordenada e em pirâmide com uma orientação de acção comum. Uma política sustentável e com lógica interna, que assente na política florestal e na prevenção, a qual nunca foi assumida por nenhum Governo — nem o seu, nem os anteriores, incluindo aqueles de que foi ministro —, que se limitaram a passajar uma manta de retalhos sobre o assunto e a deixar arder e morrer. (…)

Mas a nova atitude também terá de passar por acções concretas e reais como a de criar uma estrutura de Protecção Civil que de facto proteja os civis e não sirva para arranjar empregos partidários. E como a substituição da famigerada PPP do SIRESP, que só tem servido para canalizar o dinheiro do Orçamento do Estado para “os negociantes do costume” (neste caso SLN, GES, PT) engordarem as suas contas bancárias, enquanto o país arde, as pessoas morrem, ficam feridas e/ou sem nada. Desta vez, morreram 64.»

30.6.17

Bichos, muita bicharada (8)



São «sagradas», andam por onde querem. Varanasi, Índia (2005).
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Dica (578)





«On Friday, German parliament passed a law paving the way for gay marriage. But the language of the country's constitution could lead to a serious legal challenge. It may be too soon to celebrate.» 
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Incêndio e Comissão de Sábios



Ou eu me engano muito ou o PSD deu mais uma bela prenda ao governo com a proposta da nomeação da tal comissão de sábios para averiguar as razões do incêndio. A dita comissão não terá acesso ao que está em segredo de Justiça, será nomeada «nas próximas semanas» e terá 60 + 30 dias para produzir um relatório Ou seja: este aparecerá quando estivermos preocupados com o problema de hipotéticas cheias e os centros comerciais já tocarem Jingle Bells. Até lá? 
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Simone Veil



«J’ai le sentiment que le jour où je mourrai, c’est à la Shoah que je penserai.»

Uma curta biografia:
Mort de Simone Veil, icône de la lutte pour les droits des femmes.



«L’ancienne déportée incarne – à sa manière – les trois grands moments de l’histoire du XXe siècle : la Shoah, l’émancipation des femmes et l’espérance européenne. Au cours de sa vie, Simone Veil a en effet épousé, parfois bien malgré elle, les tourments d’un siècle fait de grandes désespérances mais aussi de beaux espoirs : elle fait partie des rares juifs français ayant survécu à la déportation à Auschwitz, elle symbolise la conquête du droit à l’avortement et elle est l’une des figures de la construction européenne.» 
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Pedro e o abutre



«De repente, abriu-se uma nesga. Uma nesga na couraça de sorte e resultados positivos de António Costa. Passos Coelho vislumbrou um calcanhar de Ulisses na geringonça e atacou. Podemos dizer que o resultado foi uma espécie de burro de Tróia. (…)

Passos Coelho é o SIRESP de António Costa. Sempre que se vislumbra algum perigo, ele aparece e, com as suas acções, salva a geringonça. Mais uma vez com o seu discurso de tragédia, Passos fez de maluquinho da aldeia: "Vem lá o segundo resgaste! Vem lá o diabo! Há gente a suicidar-se por desespero!". Dá a sensação de que está na altura de alguém pagar um copo ao Passos.

Vinte e quatro horas depois, Passos Coelho veio pedir desculpa por não ter havido suicidas e de ter sido mal informado. Não chega. Passos não percebe que pior do que ter usado informação errada foi o que fez com ela. Passos Coelho pode ter lido a "Fenomenologia do Ser", de Sartre, mas ainda não entendeu a moral da história do Pedro e o Lobo. (…)

Não é preciso inventar fantasmas, há muitas perguntas sobre a realidade que têm de ser feitas e respondidas. Não me interessa se, segundo o Relatório do SIRESP, o SIRESP foi absolutamente espectacular. O SIRESP pode funcionar muito mal, mas tem uma grande auto-estima. Conheço tanta gente assim. Se o SIRESP custou o que custou, deve achar que é muita bom.

Este é um daqueles momentos em que faz falta um bom líder da oposição. Se Passos Coelho não está capaz, se José Gomes Ferreira não tem tempo, e se Cristas é a mãe de todos os eucaliptos, está na altura de pensar em reformular a floresta e o deserto que é a oposição.»

29.6.17

Bichos, muita bicharada (7)



Cuidados maternais. Perto de Kuala Lumpur, Malásia (2012).
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Sinto-me regressar a 1975



… às G3 desviadas de Beirolas e ao capitão Fernandes!

Mais de cem granadas e munições roubadas dos Paióis de Tancos.

Trump festeja a tomada da Bastilha




Macron convidou, Trump aceitou. Parabéns, amigos macronistas: aplaudirão certamente esta «honra» para a França! 
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Ressurreição de vivos



Ricardo Araújo Pereira na Visão de hoje:

«Portugal teve esta semana duas excelentes notícias: um avião não caiu e uma pessoa não se suicidou. (…)
Gostaria de ligar a televisão e passar a ouvir: “Esta manhã, pelas 11h32, um terramoto não arrasou o país. O sismo, de que não registou 8,2 na escala de Richter, não teve epicentro em Viseu”.»

Na íntegra AQUI
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Querida EPAL




Factura hoje recebida: 45% para consumo de água / 52% para taxas da CMLisboa / 03% para IVA.

Mais vale regressar aos tempos da Beatriz Costa. 
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Pedrógão a 100%



«Regra geral, as catástrofes não ficam a dever-se a um só motivo. Salvo em situações fulminantes, como atentados terroristas ou fenómenos naturais de inusitada violência e imprevisibilidade, as tragédias são o resultado de um concurso de circunstâncias adversas.

Não foi a trovoada, nem os ventos, nem o SIRESP, nem a Protecção Civil, nem os eucaliptos, nem o lixo florestal, que provocaram a tragédia de Pedrógão. Foi tudo junto. A canhestra tentativa de se encontrar um culpado único, inerte ou de carne e osso, só encontra explicação no manobrismo político, na trica corporativa e em muito preconceito.

Esqueçamos a trovoada. Se não tivesse sido um raio a desencadear o incêndio, teria sido um pirómano ou uma fagulha de um assador de sardinhas. Sim, esteve lá a famigerada "regra dos 4x30" (temperatura superior a 30 graus, 30 dias sem chuva, humidade inferior a 30%, vento superior a 30 km/h), como em tantos outros fogos que não conheceram vítimas mortais. Em Pedrógão foi decisiva. Nunca se determinará se em 10, 30 ou 50 por cento. O que se sabe é que o dispositivo de combate aos fogos só se encontra em pleno a partir do início do Verão (idêntica pecha à da época balnear). O que significa que não terá sido possível mobilizar para o inferno primaveril de Pedrógão, pelo menos com a mesma presteza, os meios necessários. É a primeira falha, administrativa, do sistema.

Numa declaração ao DN que terá passado despercebida, um general da GNR dizia que, independentemente de falhas nas comunicações, só um número de efectivos equivalente ao da Volta a Portugal teria sido capaz de barrar por completo a entrada na trágica EN-236, dadas as suas múltiplas vias de acesso. De novo: quando se justifica e quanto vale um estado máximo de prontidão? Nunca se determinará se a influência deste factor foi de 10, 30 ou 50 por cento.

O SIRESP nasceu torto. Não por se tratar de uma PPP, como alguns aduzem, mas por ter estado enredado em malhas obscuras, onde os factores técnicos e financeiros não foram cuidados do melhor modo. É o Tetra que temos, manifestamente mal dimensionado e com falhas graves de redundância. Como conceber que não disponha da possibilidade de acesso à via satélite, em caso de colapso das redes terrestres? Houve falhas, sim, em Pedrógão. Nunca se saberá se a sua influência foi de 10, 30 ou 50 por cento.

Depois há o malvado eucalipto. Sabe-se que o Eucalyptus Globulus consome recursos hídricos, arde com relativa facilidade, alimenta uma forte fileira industrial e ocupa aproximadamente 25% da floresta portuguesa. Sabe-se também que é uma das raras fontes de rendimento de populações do interior, como os autarcas da região Centro frequentemente salientam. E sabe-se, por fim, que nos 200 mil hectares de eucaliptos, sobreiros e pinheiros geridos directamente pela indústria da celulose a área ardida é anualmente inferior a 1%. Aqui chegados, onde acaba a culpa do eucalipto e começa a dos proprietários? Nunca se determinará se a sua influência foi de 10, 30 ou 50 por cento.

A solidariedade dos portugueses, essa foi de 100%.»

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28.6.17

Bichos, muita bicharada (6)



Uma manada de belas zebras. Etocha, Namíbia (2007).
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Dica (577)




«Two years ago, Jeremy Corbyn challenged political orthodoxy by not attacking benefits claimants. Now public opinion has aligned with his stance.» 
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Gajas e copos para Mr. Dijsselbloem




Gregos e portugueses, ontem, em Bruxelas. Hoje será a vez de italianos e franceses.
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Informação sobre o incêndio: contenção ou transparência



Está aberta a discussão sobre a forma como o governo está a gerir a informação que vai dando ao público, à medida que serviços de um mesmo ministério vão revelando relatórios sobre o incêndio de há uns dez dias. É óbvia a guerra aberta entre alguns desses serviços, mesmo para o mais elementar leigo na matéria, e fica a sensação, talvez injusta mas aparente, de uma tentativa de empurrar de culpas.

Se a decisão de transparência por parte do governo é louvável, é também um jogo arriscado e as consequências não estão para já a ser positivas, no meu entender: existe uma enorme confusão na qual muitos interessados, mas puros amadores em matérias que não são fáceis, se armam em especialistas sabe-se lá em quê, na tentativa frustrada de entenderem o que lhes é fornecido. É isso que se pretende?

No DN de hoje, Paulo Baldaia sublinha bem o que está em causa:

«Olhemos para um pormenor da entrevista de Constança Urbano de Sousa ao DN e à TSF. A ministra defendeu que não se podem estar a lançar "inquéritos sobre inquéritos". O que faz o governo? Lança inquéritos sobre inquéritos. A questão é que a ministra tem toda a razão no que diz e não no que faz, porque - como também diz nessa entrevista - "a resposta tem de ser dada de forma cabal e não pode ser dada de forma parcelar ou de forma intermitente". Pois que é assim que ela nos tem chegado.

Acresce que esta forma de informar tem como consequência uma grande desinformação. As comunicações falharam ou não falharam? Falharam na opinião da Associação Nacional de Proteção Civil, mas estiveram bem no relatório do próprio SIRESP. Idem com a GNR. O governo andou a ser enganado durante o período que durou o combate ao incêndio, com cada organismo a dizer-lhe uma coisa diferente, e agora vende à opinião pública como comprou. Acontece que o governo já sabe que comprou estragado e mesmo assim desiste de, "com seriedade, analisar e cruzar" a informação de modo a evitar "conclusões precipitadas", como também defendeu a ministra na entrevista.

Com esta informação que nos chega às pingas, de forma contraditória e parcelar, o executivo alega que está a agir com toda a transparência. Pode até ser que seja essa a intenção, mas as consequências começam a estar à vista. Longe de ter a comissão independente de peritos a funcionar, a informação com que essa comissão vai trabalhar já está altamente condicionada.

O pior que nos podia acontecer a todos, mesmo aos que estão no governo, era chegar ao fim desta história e não ter percebido nada do que se passou. Até agora, só nos deram guerras de versões contraditórias. Entre os que dizem que pouco ou nada falhou e os que dizem que falhou quase tudo há 64 mortos contabilizados.» 
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27.6.17

Bichos, muita bicharada (5)



Um belo cavalo da raça Turken Akhalteke. Asghabat, Turquemenistão (2016).

Estes cavalos são extremamente ágeis e muito resistentes, podendo viajar 150 km por dia, com pouca comida ou água. São uma espécie de símbolo do país e foram muito elogiados desde os tempos de Alexandre o Grande, imperadores romanos e Genghis Khan. 
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Dica (576)




«Fourteen years after being told they had a future in the European Union, countries in the Western Balkans are losing hope. Meanwhile, Turkish and Russian influence in the region is on the rise. So too is the nationalist rhetoric of old.» 
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SIRESP: Notícias macabras



«Ainda as contas de 2015 não estavam aprovadas e já os accionistas do SIRESP se reuniam em assembleia-geral para decidir o pagamento de dividendos.

A assembleia-geral decorreu em Janeiro de 2016, na qual foi deliberada "a distribuição de dividendos aos accionistas". Para isso, recorreram aos resultados transitados que nas contas de 2015 superavam os 13 milhões de euros. A título de dividendos foi pago um total de 6,675 milhões de euros, que foram repartidos pelos accionistas. A informação consta na prestação de contas individual referente a 2015, a que o Negócios teve acesso. Não foi possível apurar se a empresa voltou a pagar mais dividendos após esse primeiro pagamento.

Em 2015, aliás, a empresa SIRESP apurou lucros totais superiores a 3 milhões de euros, quando no ano anterior (2014) tinha registado lucros de 749 mil euros.

De acordo com as contas de 2015, os accionistas tinham metido na empresa, estando registado no passivo, 2,78 milhões de euros, sendo o capital social de 1,6 milhões. O último aumento de capital foi, aliás, realizado em 2009, o quinto desde 2007. E então ficou com os 1,6 milhões que ainda tem realizado.

O economista Joaquim Miranda Sarmento, que no jornal Eco analisou os números do SIRESP, refere que o esforço dos privados é de 15 milhões de euros de capital em 15 anos (o prazo do contrato), tendo no cenário base feito para o projecto referido como retorno acumulado projectado de 45 milhões. O economista diz que a projecção desse valor neste momento deverá ser superior.

Quem são os accionistas?

O maior accionista do SIRESP é a Galilei, empresa que antes era a SLN - Sociedade Lusa de Negócios e que mudou de nome depois da nacionalização do BPN. A Galilei está insolvente, a pedido da Parvalorem, um dos veículos que o Estado criou para activos do BPN após a sua nacionalização. A Galilei detém 33% do SIRESP, a que se juntam 9,55% da Datacomp, uma tecnológica que também faz parte do universo SLN/Galilei, e que está sob PER (Processo Especial de Revitalização). A PT, agora detida pela Altice, tem uma parcela de 30,55% do capital. A Motorola, que forneceu a tecnologia, tem 14,9% e, por fim, a Esegur (uma sociedade da Caixa Geral de Depósitos e do Novo Banco, então BES) tem 12%.»

(Daqui)
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Judite de Sousa / TVI somam e seguem



Como escreveu alguém no Facebook, veremos um dia destes: «Sangue fascista, Marcelo Rebelo de Sousa é filho de ministro de Salazar».

Não sei se esta gente ultrapassou os limites, creio que nós é que fomos ultrapassados por novos limites. E agora? 
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Sebastián Pereyra no meio do fogo



«Do nosso correspondente na Andaluzia (ou em Madrid, não se sabe) – Património universal da UNESCO, a reserva de Doñana está a arder há vários dias. No terreno, é o caos. Já foram retiradas duas mil pessoas e há estradas fechadas que isolam 50 mil pessoas na estância turística de Matalascañas. Segundo um jornal de Madrid, parece que a localidade de Mazagón “praticamente se esvaziou de gente”. E ainda se espera que algum dirigente partidário anuncie suicídios imaginários.

Várias fontes anónimas confirmaram a este jornalista, também anónimo, que estão a ser preparadas desculpas esfarrapadas para proteger a incompetência das autoridades. Escreve por exemplo o PÚBLICO em Lisboa: “‘Há um vendaval’, disse por telefone ao El Pais, a partir do local, Juanjo Carmona, da organização de defesa do ambiente WWF, sem que quase fosse possível perceber as suas palavras, por causa do vento”. Um responsável ambiental do governo da Andaluzia, que vai pelo nome de José Fiscal, disse que “tudo aponta que a mão humana esteja por detrás” do incêndio, pois que “ontem à noite não se detectou nenhum raio na zona”. Vento a mais e fogo posto, são as desculpas de sempre.

O meu colega português e quase homónimo Sebastião Pereira, também ele sob pseudónimo, encontrou a mesma muralha de justificações no caso do incêndio luso de Pedrógão Grande. Fogo quente, vento forte e impreparação dos meios locais também foram evocados. Do mesmo modo, as autoridades da Andaluzia queixam-se agora das condições naturais mas também da letargia do governo central, que no passado recente foi impondo cortes aos serviços florestais, corpo de guardas especializados e outros meios de prevenção e de combate aos incêndios.

No meio deste labirinto de justificações, admitem as nossas fontes anónimas que a desastrosa gestão da tragédia poderia por fim à carreira política do primeiro-ministro Mariano Rajoy, que tem sobrevivido à prisão de alguns dos dirigentes do seu partido por acusações de corrupção, mas que dificilmente escaparia à condenação da opinião pública pela inacção na defesa da floresta.

No entanto, alguns comentadores anónimos sugerem que as críticas ao governo Rajoy são inspiradas anonimamente por agentes de Lisboa, dado que o governo luso teria levado a mal a pressão do Partido Popular espanhol que, temeroso sobre o resultado da recente moção de censura e registando a derrota nas primárias do PSOE de Susana Diaz, presidente da Andaluzia, contra Pedro Sanchez, partidário de uma iniciativa parlamentar para afastar Rajoy, procuraria atingir António Costa através do meu colega anónimo e só para evitar precedentes embaraçosos. De facto, o artigo de Sebastião, anónimo, serviu sobretudo para ser citado por alguma imprensa portuguesa como prova da vaga de indignação que estaria a varrer Espanha, o que é sempre deveras ameaçador, sobretudo se a dita vaga for anónima.

Ainda sob anonimato, as nossas fontes reconhecem que tudo é muito confuso, mas acrescentam com algum indisfarçado pesar que é assim a “entente cordiale” ibérica, na boa tradição de procurar defenestrar os maus exemplos.

Sebastián Pereyra, anónimo

Nota esclarecedora: “Sebastián Pereyra” é um jornalista conhecido da nossa redacção, que escreve sob pseudónimo por razões que não vêm ao caso e que só a incompetência do presente cronista permite vislumbrar no caso vertente. Sebastián prossegue a melhor tradição ibérica de reportagem anónima e, se nos perguntarem, já sabem a resposta, ninguém nos dá lições.»  

26.6.17

Bichos, muita bicharada (4)



«Nós estamos em casa. Que se lixem os turistas!» Livingstone, Zâmbia (2007).
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A ameaça vermelha?



Quando vi esta imagem, julguei que era uma montagem humorística, mas não, não é. É mesmo um livro de um senhor que escreve por aí. Não consegui evitar uma enorme gargalhada! 
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Quando a cantiga era uma arma




«Em 1970, se muitos portugueses partiam do seu país à procura de trabalho ou melhores condições de vida, outros faziam o mesmo por razões políticas. Este é o registo áudio do espetáculo realizado no dia 10 de novembro desse ano, no auditório da Maison de la Mutualité em Paris, um concerto que recebeu a designação de "Chanson de Combat Portugaise". Nele participaram os cantores de intervenção Sérgio Godinho, José Mário Branco, Tino Flores e Luís Cília, na altura todos exilados em França, e ainda José Afonso. Já perto do final, a atuação deste último é interrompida por um grupo de extrema esquerda, acusando o cantor de pactuar com o sistema, permanecendo em Portugal em vez de preferir o exílio.» 
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Passos Coelho: suicídio político em directo

26.06.1963 – «Ich bin ein Berliner»



Frase proferida por John F. Kennedy, em Berlim Ocidental, no dia 26 de Junho de 1963, quase dois anos depois de o Muro de Berlim ter dividido a cidade, num discurso em que o presidente dos Estados Unidos quis mostrar o seu apoio à Alemanha Ocidental e que foi considerado um dos momentos mais importantes da Guerra Fria.



O texto do discurso pode ser lido aqui.

Poucos meses depois, Kennedy foi assassinado em Dallas.
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25.6.17

Bichos, muita bicharada (3)



Um simpático coala no Featherdale Wildlife Park. Sydney, Austrália (2017).
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Diz que houve uma Revolução


«Porque eu dormia e vieram contar-me que tudo era possível, já. Porque eu sonhava e vieram dizer-me a liberdade, já.»
Maria Velho da Costa 
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Zorba versão flashmob




Em Bristol, por estudantes gregos e cipriotas.
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«All You Need Is Love» – 50 anos



Lembro-me bem desse 25 de Junho, quando foi lançado All you need is love, dos Beatles. A BBC convidou-os a participarem no primeiro evento transmitido mundialmente via satélite, ao vivo e simultaneamente para 26 países, o programa terá sido visto por cerca de 350 milhões de pessoas e, vá lá saber-se por que milagre inesperado,  quase no fim do reinado do dr. Salazar, Portugal foi um desses países. 

Avisados antecipadamente, reunimo-nos em casa de amigos e vimos e escutámos a emissão, comovida e «liturgicamente». Tempos de uma certa inocência – perdida, sem dúvida. 

Dos estúdios Abbey Road, em plena guerra do Vietname, saiu a mensagem mais simples que imaginar se possa, propositadamente assim concebida para que pudesse ser entendida por todos os povos do planeta. 


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